sexta-feira, 7 fevereiro 2025

Um novo pacto global do alimento

 Por Alysson Paolinelli

É vital refazer as pazes com a esperança. É possível, sim, construir um mundo melhor imediatamente e tecer a lógica de uma nova ordem econômica, social e ambiental que empreste sentido à trajetória das Nações desenvolvidas; das mais pobres; das pessoas – especialmente os jovens, protagonistas do futuro; e do Planeta. Os imensos os desafios desta Era exigem repensar paradigmas políticos, de gestão e planejamento. E fortes doses de empatia e coragem para aproximar conquistas científicas e tecnológicas da realidade nas sociedades. Omissão, aqui, não é alternativa.

Nesse sentido, o poderoso acervo de saber reunido pelas Ciências praticadas na zona tropical pode surpreender. Este o objetivo do livro “As Soluções Sustentáveis que vêm dos Trópicos”, coordenado pelo Instituto Fórum do Futuro, na pretensão de instigar uma reflexão global sobre o potencial transformador desses conhecimentos. Não é simples, nem fácil. Mas, é lógico, desejável e factível. Até 2050, alguns nexos centrais guiarão anseios e buscas de soluções estruturantes: o aumento da população (vamos a perto de 10 bilhões); e o incremento das demandas: alimentar (200 mil novas bocas a cada dia); de energia, mais 50%; de Água (mais 40%). Porém, nunca tivemos tantos meios científicos e tecnológicos para atuar na redução da desigualdade, no combate à fome (preço dos alimentos) e à inflação via aumento da oferta; no enfrentamento da transição climática, na contenção de fluxos migratórios forçados. A agenda do clima não é negociável, nem o desmatamento uma opção. Porém, no mesmo plano estão a segurança alimentar e a inclusão social e tecnológica.

O Brasil é referência em democratização alimentar, assentada nos pilares da Ciência e do empreendedorismo, resultado concreto do segundo maior salto da oferta de alimentos da História, nos anos 1970, embora poucos tenham assimilado este fato.

A humanidade nos pede agora o Terceiro Salto: mais comida e de melhor qualidade; redução de perdas e desperdício; regeneração, recuperação e preservação da biodiversidade; métricas seguras de monitoramento de ampla aplicação; e controle na governança de processos sustentáveis (ESG).

Intenções que Fórum do Futuro tenta corporificar, na Amazônia, em Polos Demonstrativos do Projeto Biomas Tropicais, modelos replicáveis da potencialidade civilizatória dessa proposta. O Brasil dispõe de um acervo tecnológico capaz de inserir seus próprios excluídos (cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos agrícolas) e, ao mesmo tempo, orientar o desenvolvimento sustentável de dezenas de milhões de famílias rurais na América Latina, na África e nas estepes asiáticas. É mais barato, estratégico e econômico incluir pessoas e valorizar a Ciência do que pagar a conta do prejuízo hoje compartilhado entre todos. Trata-se de uma mobilização sociedade, mas é imperioso o reposicionamento do Estado.

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