quarta-feira, 9 outubro 2024
CONSTRANGIMENTO

Funcionário fica seminu na rua por ordem de gerente

Imagens das câmeras de segurança mostram momento em que jovem fica seminu no meio da rua após o fechamento da loja
Por
Isabela Braz
Vídeo: Arquivo/TODODIA

Funcionário de uma empresa de alimentos, localizada na área central do município de Nova Odessa, alega constrangimento após gerente do estabelecimento em que trabalha, exigir que o jovem retirasse o uniforme da empresa no meio da rua, deixando o jovem seminu próximo a loja. O caso aconteceu no último dia 24 de agosto.

Imagens exclusivas das câmeras de segurança, da qual o TODODIA teve acesso, flagraram o exato momento em que Vanilda de Lima, gerente e mãe dos sócios da empresa, pede para que o funcionário Alan Gustavo Francisco, de 21 anos, retire a calça do uniforme no meio da rua. Segundo a empresa, a saída da loja com o uniforme é proibida.

Em entrevista, Alan alega que após ter limpado o local e trancado a loja, dirigiu-se rumo a rodoviária do município ao lado de uma colega de trabalho, quando foi parado por Vanilda, que teria gritado para que o jovem tirasse a calça do uniforme. De primeiro momento, Alan teria negado, afirmado que trocaria na rodoviária, mas pela insistência da gerente, teria tirado a calça, ficando seminu próximo a ela e outra funcionária.

“Não tinha nenhuma necessidade de ela ter feito isso comigo. Me sinto horrível, porque isso não é justo, isso é constrangedor, eu tirei a minha calça na frente da minha colega de trabalho, não é nada legal isso”, diz Alan. “Sempre que ela queria chamar a nossa atenção ela não vinha e conversava, ela sempre pegava pesado. Ela já chegou até me puxar pelo braço”, complementa.

A testemunha presente no momento do caso não quis se identificar, mas confirmou para o TODODIA a versão de Alan. Em entrevista, a testemunha afirma que era comum outros funcionários saírem do estabelecimento com uniforme e que casos como esse nunca teriam acontecido.

“Foi terrível, foi constrangedor, tanto para mim quanto pra ele, que foi o mais afetado. Porque pra ter que tirar a roupa no meio da rua por causa de um uniforme que a gente precisa lavar todo dia e que nunca foi feito isso antes é um absurdo, porque todo mundo já foi embora com aquele uniforme”, afirma.

A testemunha também afirma que em uma outra ocasião, também teria sido puxada pelo braço de forma grosseira e que outros funcionários já chegaram a ter chamadas de atenção com gritos em frente aos clientes.

Ambos afirmam que haviam chantagens por parte da gerência, que ameaçava demissão a todo momento devido ser mãe e sogra dos sócios. As vítimas afirmam que os três sócios da empresa não tinham o mesmo tipo de comportamento, tratavam os funcionários de forma cordial, mas que sabiam da forma que a mãe e sogra agia.

Procurada pela reportagem, na última sexta-feira (31), Vanilda se manifestou em nota encaminhada pelo seu advogado. A gerente afirma que teria pedido para o funcionário retornar à loja e que o mesmo teria se negado.

“Funcionários fecham a loja sozinhos em muitas ocasiões, se foram indevidamente para casa usando o uniforme em outras ocasiões, mesmo tendo assinado documentos onde concordavam com essa regra, é do meu desconhecimento o fato, visto que todos os funcionários se trocam na empresa antes de sair, inclusive a colega que o acompanhava estava devidamente sem o uniforme de trabalho na ocasião do ocorrido”, diz em nota.

Vanilda também afirma que teriam outras advertências verbais e que devido a diversas advertências, teria gerado uma revolta no funcionário.

APÓS O CASO

Após o caso, Alan fala que teria tentando falar com dois de seus patrões, filhos de Vanilda, mas que não teria tido resposta. Os donos da empresa responderam apenas a mãe de Alan, Elizangela Aparecida, dizendo que ele seria um “funcionário importante para a empresa”.

A mãe de Alan diz que no momento que viu as imagens ficou em choque. “Eu nunca imaginava ver um filho meu passar por uma situação que o meu filho passou. Seminu no meio da rua, estava frio, eu me senti inútil na hora”, afirma Elizangela.

No dia seguinte, Elizangela afirma que foi junto a Alan até o estabelecimento e que foi atendida pelo advogado dos proprietários. “Ele queria que ele assinasse um papel sem ler, eu falei que ele não iria assinar nada sem ler. Falei que na segunda eu disse que viria com um advogado.

Desde o ocorrido, o colaborador não compareceu mais ao ambiente de trabalho. Na última quarta-feira (30), Alan teve conhecimento de que teria sido desligado na mesma data do ocorrido por insubordinação.

CASO DE POLÍCIA

Além de imagens e depoimentos, o TODODIA também teve acesso aos boletins de ocorrência registrados por ambas as partes dias após o ocorrido. No dia 25, Vanilda de Lima foi até a Delegacia de Polícia, onde registrou um B.O. (Boletim de Ocorrência), alegando Alan Gustavo de ter cometido “Ato obsceno” – art. 233 do código penal, antigo atentado ao pudor.

Em depoimento à polícia, Vanilda afirma que além do constrangimento por parte de ser mulher, o funcionário teria pisoteado as calças e jogado sua mochila no chão. Na primeira versão do boletim, Alan é autuado como autor do crime e Vanilda, como vítima.

Dias após o ocorrido, Alan Gustavo dirigiu-se até a mesma delegacia para registrar o caso. Chegando no local, deparou com uma ocorrência em aberto como sendo autor do crime. Dando sua versão dos fatos e apresentando os vídeos, foi excluído do histórico do boletim o crime de “Ato Obsceno”, mudando Alan de autor para Vítima, e Vanilda sendo a autora da ocorrência, pelo crime de “Constrangimento Ilegal” – art. 146 do Código Penal.

A testemunha, presente no momento do ato, já foi ouvida pelo delegado responsável e o caso segue em andamento.

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