sexta-feira, 26 abril 2024

Homem é preso suspeito de matar mulher ao descobrir que ela estava grávida em RO

O assassinato ocorreu em Pimenta Bueno (522,6 km de Porto Velho) 

Em seu depoimento, disse que “ela se debateu e lutou contra a própria morte” e que só parou o enforcamento “quando não sentiu mais os próprios braços” (Foto: Reprodução)

O técnico de informática Gabriel Henrique Santos Masioli, 28, foi preso na última sexta-feira (4) no interior de Rondônia sob a suspeita de feminicídio no caso do assassinato da gerente administrativa Antonieli Nunes Martins, 32, que seria sua amante. Segundo a polícia, o rapaz, casado, confessou que a matou após descobrir que a vítima estava grávida dele.

O suspeito enforcou Antonieli na quinta (3), mas, ao perceber que ela ainda estava viva, a esfaqueou no pescoço, segundo a Polícia Civil. Ele disse também que jogou a arma do crime e o teste de gravidez em um rio perto da casa. O celular da gerente administrativa ainda é procurado. O assassinato ocorreu em Pimenta Bueno (522,6 km de Porto Velho). Procurada, a defesa de Masioli informou que não se manifestará neste momento.

O crime chocou moradores da cidade, que organizaram um ato no sábado (5), em frente à delegacia, pedindo investigação do caso. “A violência contra a mulher é perversa, institucionalizada e hedionda”, dizia um dos cartazes no manifesto. O suspeito afirmou à polícia que, na quinta, véspera do assassinato, ele e Antonieli se viram em uma casa que era alugada para os encontros deles.

Lá, a vítima teria mostrado ao suspeito o resultado positivo de gravidez. Masioli disse à polícia que ficou surpreso quando ela confirmou a paternidade dele e que chegou a sugerir aborto. A mulher, então, teria afirmado que ficaria com a criança e não a esconderia. Ela ainda teria sugerido que eles assumissem a relação e que fossem morar em outro local. Segundo o depoimento, Masioli disse ter pedido um tempo a Antonieli para conversar com a esposa e revelar a gravidez.

Ele contou à polícia que, depois de dormirem juntos, teve crise de ansiedade e deu um “mata-leão” na mulher, imobilizando-a com as pernas. Em seu depoimento, disse que “ela se debateu e lutou contra a própria morte” e que só parou o enforcamento “quando não sentiu mais os próprios braços”.

Ainda pelo relato, o técnico de informática, desesperado ao saber que ela ainda piscava os olhos, “foi na cozinha, pegou uma faca grande de cortar carne, enfiou apenas uma vez no pescoço dela, tirando rapidamente”. À noite, o suspeito foi ao culto da igreja onde o pai é pastor e depois, segundo uma testemunha relatou à reportagem, esteve em uma lanchonete.

Ainda na quinta, pelo relato da família da gerente administrativa, a mãe de Antonieli e dois vizinhos foram ao imóvel que o casal mantinha e a encontraram caída, envolta em sangue na cama, os lençóis revirados e ainda com roupas do trabalho: uma camisa preta e calça jeans. No chão também havia sangue. Um dia após o crime, o Ministério Público pediu a prisão preventiva do técnico de informática. Ele foi localizado em Rolim de Moura e depois conduzindo para Pimenta Bueno, onde permanece preso.

A Promotoria informou que espera a conclusão do inquérito policial para analisar as circunstâncias do crime. Além do feminicídio, ainda pode haver mais outros aspectos do crime, que geram aumento de pena, como fato de que ela estava grávida e de não ter tido chance de se defender. O advogado do suspeito, Sílvio Carlos Cerqueira, disse à reportagem que neste momento não iria se pronunciar e que está acompanhando o inquérito junto à polícia.

O pai do suspeito, Júlio César Souza, 48, em um vídeo divulgado em uma rede social, disse para a família de Antonieli que “sente muito pelo acontecido”. “Nós não estamos passando a mão na cabeça do nosso filho, nós não concordamos com a atitude dele, mas eu sou pai. Eu não contratei advogado para tirar meu filho da cadeia, porque eu reconheço o que ele cometeu. Contratamos advogados para acompanhar, para que ele seja julgado na forma da lei”.

“Vamos analisar as provas, o depoimento de Gabriel, analisar as perícias, as testemunhas e determinar os próximos passos junto com a Promotoria”, disse Débora Cristina Moraes, advogada da família da vítima. Para a advogada, o suspeito usou a crise de ansiedade como justificativa para a morte e estratégia de defesa.

Masioli e Antonieli trabalhavam juntos. Segundo familiares e a advogada, ele chegou havia pouco tempo ao setor de informática, enquanto ela atuava havia cerca de 12 anos na administração de uma empresa que entrega internet em Pimenta Bueno. O casal estava junto havia dez meses. Na família de Antonieli e no trabalho quase todos sabiam do namoro. Ela tinha um filho, que mora com a avó e que completou três anos no dia do sepultamento.

Os três irmãos e a mãe de Antonieli estão em choque, segundo Lucas Nunes da Silva, primo dela. “Estão todos abalados. É bem difícil de aceitar, acreditar nessa situação. A todo instante vem a memória de quanto sofrimento ela passou. A pergunta que não sai de nossas cabeças é: por que tamanha brutalidade? O que leva uma pessoa achar que tem o direito de tirar a vida de outra?” “Este é mais um episódio trágico que, infelizmente, se soma ao de tantas outras mulheres. E nós estamos vigilantes para que este crime não fique impune”, disse Márcio Nogueira, presidente da Ordem dos Advogados de Rondônia (OAB/RO).

Os membros da família da vítima publicaram uma carta onde pedem justiça. “Que este crime não seja mais um número nas estatísticas, que a partida da Antonieli não fique em vão. Clamamos por Justiça. Queremos uma resposta da Justiça, que o criminoso seja punido no rigor da lei e que Deus possa confortar nosso coração.”

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também