A Polícia Civil realizou nesta terça-feira (15) uma operação para desarticular uma organização criminosa suspeita de extorquir frequentadores de casas noturnas localizadas na região do Jardim Itatinga, bairro de Campinas conhecido por ter sido criado há décadas para abrigar dezenas de casas de prostituição.
A Operação Iludere teve como base uma investigação realizada em cooperação pelo Deinter 2 da Polícia Civil e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público.

Organização estruturada
Segundo as investigações, o grupo teria sido criado para praticar extorsões sistemáticas contra pessoas que compareciam aos estabelecimentos de prostituição no Itatinga. “As garotas de programa atraiam os clientes, outros indivíduos praticavam as ameaças, as extorções, e outros comparsas faziam as transferências dos valores”, conta o Delegado da Deic, José Carlos Fernandes.
“Os líderes dessa organização pertencem ao PCC (Primeiro Comando da Capital), então nós não estamos falando de crimes leves, estamos falando do crime organizado, de algo bastante grave” relatou o delegado da DIG Campinas, Marcelo Fehr.
Vítimas
As vítimas eram mantidas em poder dos criminosos sob ameaça, muitas vezes com o uso de armas de fogo. Elas eram obrigadas a entregar os celulares e senhas bancárias aos bandidos. Pelo menos 40 pessoas registraram boletins de ocorrência relatando os casos. Segundo a Polícia Civil, as vítimas registraram perdas de valores entre R$ 5 e R$ 30 mil. Os criminosos atuavam com funções bem definidas no esquema.
Até agora, 27 integrantes foram identificados, e a Justiça expediu 25 mandados de prisão temporária e dois de internação provisória de adolescentes na operação de hoje.
Balanço da operação
No total, 12 pessoas foram localizadas, 10 adultos e os dois adolescentes. As outras 15 pessoas são consideradas foragidas. Também foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão em 13 cidades do estado: Campinas, Indaiatuba, Itupeva, Monte Mor, Sumaré, Hortolândia, Araras, Santos, Catanduva, Praia Grande, São Vicente, Suzano e São Paulo.
Adolescente resgatada
Além disso, embora não fosse o foco da operação, a Polícia Civil resgatou uma adolescente que era explorada sexualmente em um dos locais no Itatinga. “Foi registrado um boletim de ocorrência específico, foi acionado o Conselho Tutelar, ela é de outra cidade distante do estado, e será recambiada para sua cidade”, contou Marcelo Fehr.
Valores e bloqueio
O esquema teria movimentado pelo menos R$ 1,2 milhão ao longo de um ano, mas o valor pode ser ainda maior. A Justiça também autorizou o bloqueio de valores pertencentes a 96 alvos identificados como destinatários dos recursos obtidos de forma ilícita pelo grupo.
Nome da operação
O nome da operação, “Illudere”, tem origem no latim e significa “ludibriar”, em alusão à forma como as vítimas eram enganadas pelas garotas de programa antes de sofrerem extorsão.





