segunda-feira, 6 outubro 2025
ESTAVAM VAZIAS

Polícia ‘estoura’ local que lavava garrafas para possível produção de bebidas falsas em Hortolândia

Delegacia de Investigações Gerais de Americana localizou milhares de garrafas e tanques de soda cáustica no local
Por
Vagner Salustiano
No quintal, centenas de caixas com garrafas sujas aguardavam para ser lavadas. Foto: Vagner Salustiano/TV TODODIA

Policiais da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) da Seccional de Americana realizaram uma operação de combate à falsificação de bebidas alcoólicas nesta segunda-feira (6), em Hortolândia.

Uma casa foi identificada na Rua Flores do Campo, no Jardim São Sebastião, com milhares de garrafas de bebidas vazias. O total ainda não havia sido calculado até o fechamento desta reportagem.

Processo de lavagem
Aparentemente, os vasilhames de vodka, gin e uísque estavam sendo lavados em tanques de soda cáustica existentes sob uma cobertura improvisada no quintal dos fundos do imóvel, para possível reutilização no engarrafamento de bebidas falsificadas.

As garrafas já lavadas estavam embaladas em caixas de ovos, para dificultar sua identificação durante o transporte. Também foram localizadas muitas tampas de bebidas de marcas famosas. Não havia no local, no entanto, qualquer quantidade de bebidas falsificadas ou equipamentos para sua produção.

Tanques com produtos químicos estavam sob uma cobertura improvisada. Foto: Vagner Salustiano/TV TODODIA

“Milhares de garrafas acondicionadas”
“Os investigadores lograram êxito em localizar uma casa equipada com diversas bombonas cheias de produto muito semelhante a soda cáustica, milhares de garrafas já acondicionadas em caixas de papelão, prontas para distribuição, e tampas. A vigilância sanitária foi acionada”, informou a Polícia Civil em nota no início da tarde.

O caso é tratado a princípio como crime ambiental, pelo uso de produtos químicos em uma residência, e possível crime contra as relações de consumo, caso a destinação do material para falsificação de bebidas seja comprovada.

Ninguém foi perso
Ninguém foi localizado no local no momento da averiguação. No entanto, uma Van carregada com caixas de garrafas lavadas também foi apreendida na residência de um dos suspeitos, já identificado.

O morador da residência da frente, de 59 anos, alegou que apenas alugava para terceiros o quintal dos fundos e a edícula, onde estavam as centenas de caixas com garrafas vazias. Ele foi autuado apenas por portar uma pequena quantidade de maconha, que alegou ser para consumo próprio. Sua possível participação no esquema envolvendo os vasilhames lavados também será apurada.

Casa utilizada para lavagem de vasilhames fica no São Sebastião. Foto: Vagner Salustiano/TV TODODIA

Em busca dos possíveis compradores
Os policiais civis acreditam que vão conseguir identificar os demais responsáveis pelo esquema de preparação e revenda das garrafas, bem como os eventuais compradores desses vasilhames.

O local já era monitorado havia cerca de uma semana, na tentativa de identificar os compradores – e possíveis falsificadores de bebidas. O caso segue em investigação pela equipe da Delegacia Especializada, sob responsabilidade do delegado Fernando Fincatti.

No quarto da edícula, as garrafas já limpas eram embaladas em caixas de ovos. Foto: Vagner Salustiano/TV TODODIA

Momento de preocupação no Estado
A apreensão das garrafas vazias em Hortolândia acontece num momento em que os casos de intoxicação por consumo de bebidas falsificadas ou adulteradas com metanol se multiplicam em São Paulo e em outros estados do Brasil.

Em São Paulo, o governo vem intensificando operações de fiscalização em bares, adegas e festas universitárias, com mais de 7 mil garrafas apreendidas apenas na última semana, além de 41 prisões desde o início do ano, sendo 20 delas na semana passada.

Já foram realizadas 11 interdições cautelares em estabelecimentos paulistas nos últimos dias e oito tiveram inscrições estaduais suspensas.

De acordo com a Secretaria de Saúde, 14 casos de intoxicação por metanol foram confirmados, com duas mortes. Outros 178 registros estão em investigação, incluindo sete óbitos. Foram descartados 15 casos após análise clínica.

As investigações da Polícia Civil apontam que parte da contaminação pode ter ocorrido durante a limpeza de vasilhames com metanol, prática irregular identificada em alguns locais.

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