Investidores reagiram mal ao acordo entre Boeing e Embraer, e as ações da companhia brasileira encerraram em queda de mais de 14% ontem.
A Boeing anunciou a compra de 80% da divisão de jatos comerciais da Embraer por US$ 3,8 bilhões (R$ 14,8 bilhões), avaliando o segmento em US$ 4,75 bilhões (R$ 18,5 bilhões).
Desde que veio a público que as duas companhias negociavam um acordo, as ações da empresa brasileira dispararam e acumularam alta de 63% até quarta-feira.
Essa valorização fez com que o prêmio (diferença entre o que seria o valor justo da companhia e o preço para fechar o acordo) fosse menor do que investidores esperavam.
“Quando saíram as primeiras notícias de que havia essa negociação de acordo, o mercado começou a projetar o valor da operação. O valor veio aquém do que eles achavam que seria”, diz Mario de Avelar, sócio da Avantgarde Capital.
Esse foi um dos fatores que pesou sobre os papéis da companhia, que fecharam em baixa de 14,29%, a R$ 23,10. A desvalorização pressionou o Ibovespa, principal índice acionário do país, que recuou 0,25%, a 74.553 pontos.
Segundo Rafael Passos, analista da Guide, a dúvida sobre o destino do dinheiro do acordo também explica a queda das ações. Parte dos recursos deve ser reinvestido na companhia e uma fatia poderá ser paga em dividendos aos acionistas, mas essa proporção não foi detalhada. Em nota, a agência de classificação de risco Moody’s afirmou que a operação pode fortalecer o caixa da empresa.
GOVERNO
O ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo, afirmou que o governo vai aguardar o recebimento dos termos do acordo entre Boeing e Embraer para comentar o assunto.