sexta-feira, 26 abril 2024

‘Já teve problemas lá, mas não com essa magnitude

Os moradores próximos da Replan (Refinaria de Paulínia) acordaram assustados com as explosões ocorridas na madrugada de ontem. O impacto foi tão grande que eles sabiam que algo de grave tinha ocorrido.
“Acordei com o tremor na minha janela. Eu assustei porque o vidro começou a balançar. Eu e meu marido acordamos com o barulho. Da minha copa vimos o clarão na Replan e percebemos que tava acontecendo alguma coisa grave lá. Era 1h03 quando acordei com o tremor. Já teve problemas lá antes, mas não comessa magnitude”, contou a dona de casa Katia de Paula, 48, moradora do Alvorada Parque.
Ela contou que nunca teve medo de morar nessa região de Paulínia. “Até então eu não tinha, mas dá medo sim. É complicado, não tem como não sentir medo”, relatou.
O motorista Matheus Cavalheiro Lovo, 35, morador do mesmo bairro, tinha acabado de se deitar quando ouviu a explosão. “Ouvi o barulho da explosão e as janelas e os vidros começaram a tremer bastante. Na hora fiquei sem entender, pensei que fosse uma bomba caseira, depois ouvi mais umas quatro explosões mais fracas”, explicou.
Ele disse que foi procurar mais informações e viu as imagens nas redes sociais. “Na verdade, fico com medo. Dizem que se acontecer alguma coisa mais grave pega todo mundo aqui na região. Fico com receio”, admitiu.
A esteticista Simoni Yuri Ueda, 42, também estava dormindo. “Ouvi só um barulho forte na janela do meu quarto. Foi muito diferente, parecia um vento muito forte. Foi muito sério. No fundo sentimos muito medo. Sabíamos que era algo grave e na Replan. Sabemos o quanto é perigoso e poucas informações vêm até nós”, reclamou.
O pedreiro Paulo Sérgio Fernandes de Oliveira, 28, que mora no Jadim Minda, em Hortolândia, a cerca de 32 quilômetros da Replan, disse ter visto o clarão da explosão. “Eu estava na praça e vi que parte do céu ficou vermelho. Pensei que tinha caído alguma coisa do céu ou que fosse um curto circuito nas torres de energia. Meus amigos falaram que eu tava vendo coisa, até que a notícia saiu hoje (ontem). Parecia aquele clarão de bombas nucleares”, afirmou.
ENTENDA
Um incêndio atingiu no início da madrugada de ontem, por volta da 1h, a Refinaria de Paulínia. Segundo informações obtidas pelo Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros), as chamas tiveram início após a explosão do tanque de águas ácidas, que fica no craqueamento – processo químico que transforma frações de cadeias carbônicas maiores em frações com cadeias carbônicas menores. Essa unidade tinha acabado de passar por parada de manutenção e sofreu uma série de intervenções em seus equipamentos, de acordo com o sindicato.
O fogo também atingiu a unidade de destilação, causando o rompimento de várias linhas de tubulações. Trabalhadores relatam terem ouvido três explosões. Não houve vítimas.
A ocorrência provocou a parada emergencial da refinaria. A empresa dispensou, ontem de manhã, os trabalhadores do administrativo e de outros setores, mantendo somente os funcionários diretamente envolvidos na manutenção das unidades danificadas e equipes de operações e SMS (Saúde, Meio Ambiente e Segurança).
O acidente ocorreu na madrugada, quando havia poucos trabalhadores presentes. “Se tivesse ocorrido em horário administrativo, quando há muitas intervenções de manutenção e trabalhadores circulando, poderíamos ter tido uma fatalidade”, afirmou o coordenador do Sindicato Unificado, Juliano Deptula.

Petrobras: não afeta oferta

A Petrobras informou que o incêndio foi controlado e não teve impacto imediato no abastecimento. “A Petrobras conta com estoque e produção das demais refinarias para garantir a oferta de combustíveis”, ressaltou.
A produção foi preventivamente paralisada e a companhia está avaliando o prazo para retorno.
“A Petrobras reforça seu compromisso com a segurança de suas operações”, destacou a companhia. A empresa não informou sobre o total de prejuízos.
A equipe de Emergência da Cetesb foi acionada. Parte da água de combate ao incêndio atingiu o sistema de drenagem de águas pluviais. “Equipes da Cetesb estão fazendo o monitoramento do local e orientando no serviço de instalação de barreiras de contenção, para evitar que a água residuária utilizada no combate às chamas, isoladas nos diques de contenção, possa atingir o Rio Atibaia.”
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