terça-feira, 23 abril 2024

Consumo abusivo de álcool cresce 4,25% entre as mulheres nos últimos 10 anos

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Foto: Divulgação

Entre 2010 e 2020, o consumo abusivo de álcool aumentou 4,25%. A cada hora, aproximadamente, duas mulheres morrem em razão do uso nocivo. Os dados fazem parte de estudo divulgado nessa semana pelo CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), para marcar o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo.
De acordo com o relatório, 15.490 brasileiras vieram a óbito por motivos atribuídos ao álcool em 2020. A faixa etária mais afetada foi a das mulheres de 55 anos e mais (70,9%), seguida por 35 a 54 anos (19,3%), 18 a 34 anos (7,3%) e de 0 a 17 anos (2,5).

As principais causas das mortes foram doença cardíaca hipertensiva (15,5%), cirrose hepática (10,4%), doenças respiratórias inferiores (8,7%) e câncer colorretal (7,3%), conforme estudo.
A tendência de aumento foi registrada em 12 capitais e no Distrito Federal. Os maiores crescimentos no consumo foram verificados em Curitiba (8,03%), São Paulo (7,34%) e Goiânia (6,72%). O levantamento é realizado pelo CISA, com dados do Datusus 2021.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o consumo de álcool pode causar mais de 200 doenças e lesões, associadas ao desenvolvimento de distúrbios mentais e comportamentais, incluindo dependência e doenças graves, como a cirrose hepática, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares, além de lesões resultantes de violência e acidentes de trânsito.
O consumo abusivo é configurado pela ingestão de quatro ou mais doses para as mulheres, e cinco ou mais doses para os homens, em um mesmo dia. O aumento mais significativo foi observado entre mulheres, passando de 7,8% em 2006 para 16% em 2020.
A presidenta da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas), Alessandra Diehl, afirmou que as mulheres têm predisposição ao adoecimento clínico e psíquico mais rápido que os homens.
“Uma das questões aí é a vulnerabilidade biológica”, disse, em entrevista à Agência Brasil. A psiquiatra explicou que as mulheres têm menor concentração de enzimas que fazem a metabolização do álcool, o que faz com que ele seja mais tóxico para o organismo feminino do que para o masculino. De acordo com Alessandra, as mulheres, às vezes, com menos tempo de uso crônico de álcool que os homens, já apresentam mais prejuízos para a saúde, como hepatite, cirrose e envelhecimento.
O presidente do CISA, Artur Guerra, afirmou os efeitos do consumo de álcool entre as mulheres variam conforme o ciclo menstrual, gestação e amamentação, e além disso, elas sofrem impactos por fatores sociais, como maternidade e participação no mercado de trabalho.
Para a socióloga Mariana Thibes, coordenadora do órgão, o aumento no consumo de bebida alcóolica tem relação com o acúmulo das jornadas de trabalho.
“O acúmulo de trabalho dentro de casa, fora de casa, cuidar dos filhos, da profissão, do trabalho doméstico. Esse aumento das pressões acaba levando muitas mulheres a procurar no álcool uma espécie de recurso para relaxar. No período da pandemia, vimos a hastag #winemom viralizar, com muitas mães postando fotos com taça de vinho no fim do dia, como uma espécie de recompensa depois daquele dia duro de acúmulo de jornada. Esse estresse que as mulheres passaram a sofrer nos últimos anos também pode ajudar a explicar o aumento do consumo abusivo de álcool”, afirmou a socióloga.

Sintomas

Diferentemente do abuso de álcool, a dependência é considerada doença pela Organização Mundial da Saúde e é considerado crônica e multifatorial, isto é, diversos fatores contribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de uso do álcool, a condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais, tipicamente associados aos seguintes sintomas:
– Forte desejo de beber;
– Dificuldade de controlar o consumo (não conseguir parar de beber depois de ter começado);
– Uso continuado apesar das consequências negativas, maior prioridade dada ao uso da substância em detrimento de outras atividades e obrigações;
– Aumento da tolerância (necessidade de doses maiores de álcool para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância);

– Por vezes, um estado de abstinência física (sintomas como sudorese, tremores e ansiedade quando a pessoa está sem o álcool). 

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