sábado, 20 abril 2024

Jorgina de Freitas, condenada por fraude histórica do INSS, morre meses após acidente

Entre 1988 e 1990, ela foi cúmplice de um bando que desviou mais de R$ 1,2 bilhão dos cofres da Previdência

Ex-advogada e ex-procuradora previdenciária, Jorgina organizou um esquema de desvio de verbas de aposentadoria (Foto: Divulgação)

Internada desde dezembro do ano passado, quando sofreu um acidente de carro, a ex-advogada Jorgina Maria de Freitas, 71, morreu na terça-feira (19) no Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Ela foi responsável pelo que é apontado como a maior fraude ocorrida no Brasil contra a Previdência Social. A informação da morte foi confirmada pela prefeitura do município fluminense.

Ex-advogada e ex-procuradora previdenciária, Jorgina organizou um esquema de desvio de verbas de aposentadoria que, após descoberto, ficou conhecido como o “escândalo da Previdência”.

O total da fraude foi inicialmente estimado em R$ 550 milhões (mais de 50% de toda a arrecadação do INSS à época), mas posteriormente foi reavaliado em R$ 1,2 bilhão e, por fim, a Advocacia-Geral da União afirmou que a fraude foi da ordem de aproximadamente R$ 2 bilhões.

Jorgina foi condenada a 14 anos de prisão em 1992. Apesar disso, só começou a cumprir a pena cinco anos depois.

Entre 1988 e 1990, ela foi cúmplice de um bando que desviou mais de R$ 1,2 bilhão dos cofres da Previdência, usando até nomes de pessoas mortas. Os criminosos forjaram centenas de processos de indenização milionários. A rede de corrupção começou a ser desmontada em março de 1991, quando uma investigação interna do INSS descobriu como haviam sido desviados inicialmente R$ 90 milhões, supostamente pagos ao motorista de empilhadeira Alaíde Fernandes Ximenes.

Jorgina foi condenada em julho de 1992. O esquema fraudulento envolvia diversas autoridades, advogados, procuradores do INSS e juízes no Rio de Janeiro. Logo depois da condenação, ela fugiu para o exterior, fazendo escalas no Paraguai e nos Estados Unidos até 1994, quando resolveu permanecer na Costa Rica, para onde havia viajado em segredo.

A ex-advogada se entregou às autoridades da Costa Rica em 1997, sendo depois repatriada. Nesse período, submeteu-se a diversas cirurgias plásticas e teve o registro profissional cassado pela Ordem dos Advogados do Brasil em 2001. Parte do dinheiro desviado para outros países foi recuperado.

Jorgina ficou presa em regime fechado no Instituto Penal Talavera Bruce. Em janeiro de 2007 foi transferida para outro presídio, também no Rio de Janeiro, onde passou a cumprir a pena em regime semiaberto.

Em maio de 2010, quando mais de R$ 69 milhões subtraídos haviam sido devolvidos, Jorgina foi condenada a devolver R$ 200 milhões, extensível também ao contador Carlos Alberto Mello. Em junho de 2010, uma sentença declarou extinta a pena e Jorgina foi solta depois de 14 anos presa.

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