O regime bielorrusso começou a cumprir a ameaça de tirar crianças de pais que se manifestam contra a ditadura. Artiom, filho de 6 anos da ativista da Belarus Europeia Elena Lazarchik, foi levado para um orfanato na quinta (17) porque sua mãe não foi buscá-lo na escola.
No horário da saida escolar, ela estava detida sob acusação de participar de ato ilegal. Na Belarus, manifestações precisam ser autorizadas pelo regime.
O pai de Artiom, o também ativista Serguei Matskoit, não foi contatado antes que o menino fosse entregue ao governo e levado, sem ordem judicial.
Depois de liberada da delegacia, Lazarchik não pode resgatar o filho. O governo afirmou que faria antes uma “investigação social” de duas semanas para decidir se ela poderia manter a guarda.
O orfanato também proibiu visitas “para evitar a transmissão do coronavírus”, embora o ditador bielorrusso, Aleksander Lukachenko, tenha se notabilizado por minimizar a gravidade da Covid-19 e prescrever sauna e vodca para combatê-la.
Lazarchik conseguiu permissão para retirar o filho do orfanato na tarde de ontem, depois de entregar vários documentos. Desde cedo, centenas de pessoas se concentraram na frente do Centro Social e Pedagógico de Frunzenski, em apoio à família.
Quando a mão e o menino saíram do local,, os manifestantes bateram palmas, gritaram palavras de ordem e cantaram músicas infantis.
A ameaça de tirar as crianças de pais que se manifestam contra a ditadura foi feita em um programa na TV pública na segunda (14), pelo chefe do departamento de supervisão para a implementação da legislação sobre menores e jovens do Gabinete do Procurador-Geral da Bielorrússia, Aleksey Podvoisky.
Segundo ele, esses pais violam as leis que regulam os direitos da criança, pois não há garantia de segurança no que o regime chama de “eventos de massa não autorizados”.