O novo ministro da Saúde brasileiro, Marcelo Queiroga, relatou uma “situação alarmante” da pandemia de Covid-19 em sua primeira conversa oficial com a OMS (Organização Mundial da Saúde), afirmou nesta terça (6) o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Começamos por como a situação é séria no Brasil, ele começou por descrever a situação, que é realmente alarmante [‘dire’ foi o termo usado por ele, em inglês]”, disse Ghebreyesus ao responder a uma pergunta sobre que conselho havia dado ao ministro na conversa deste sábado.
O diretor da OMS afirmou que ambos combinaram de manter contato constante e promover reuniões entre especialistas em vários níveis de combate ao coronavírus.
Um dos países do mundo mais atingidos atualmente pela pandemia, o Brasil já ultrapassou 330 mil mortos por Covid-19 e registrou quase 13 milhões de infecções desde o início da pandemia.
Quarto ministro a ocupar a pasta da Saúde, Queiroga tem defendido colocar técnicos no ministério e apoia publicamente o distanciamento físico e o uso de máscaras para evitar o contágio, apesar da oposição às medidas feita pelo presidente Jair Bolsonaro
Uma eventual reaproximação com a OMS também marcaria uma mudança de direção num governo em que a entidade já foi acusada por Bolsonaro de incentivar a masturbação e a homossexualidade infantil.
No ano passado, Bolsonaro atacou diretamente Ghebreyesus, dizendo que não pretendia seguir suas recomendações pelo fato de ele não ser médico.
“O pessoal fala tanto em seguir a OMS, né? O diretor da OMS é médico? Não é médico. É a mesma coisa se o presidente da Caixa não fosse da economia. Não tem cabimento. Então, o diretor da OMS não é médico”, afirmou ele.
O diretor da OMS é biólogo, com mestrado e doutorado em saúde pública e experiência como ministro da Saúde. Apesar dos ataques, a entidade sempre evitou se referir diretamente ao presidente brasileiro e vinha adotando um discurso cauteloso em relação ao Brasil.
Nas últimas semanas, porém, a organização elevou o tom, afirmando que o quadro da pandemia no país era extremamente preocupante e colocava em risco também países vizinhos.
“Começando pelo governo, todos no Brasil precisam levar a pademia a sério”, disse Ghebreyesus no dia 12 de março, quando o país superou 2.000 mortes diárias. “Estou profundamente preocupado com o aumento nas mortes. Não haverá redução significativa no contágio sem medidas sociais sérias, é preciso que haja mensagem clara das autoridades sobre a gravidade da situação e a necessidade das restrições, e o governo precisa fazer cumprir as medidas”, afirmou.