segunda-feira, 25 novembro 2024

A derrota do… ‘ BolsoDoria’

A estratégia de “colar” na imagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), dono de 353 mil votos na região nas eleições de 2018, não atendeu às expectativas de dezenas de candidatos espalhados por Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré. Ao mesmo tempo, a tradição tucana da região também perdeu forças nessas eleições, já que o PSDB foi derrotado nas três disputas majoritárias da região e viu seu número de vereadores diminuir.

O TODODIA ouviu dois dos principais representantes das duas vertentes, o agora ex-candidato a prefeito de Americana, Major Crivelari (PSL), e o vice-prefeito e presidente do PSDB de Americana, Roger Willians, sobre o desempenho de cada grupo no pleito.

BOLSO

A aposta dos candidatos de direita em Americana de “surfar” na onda dos 98 mil votos recebidos por Jair Bolsonaro na cidade em 2018 não rendeu muitos frutos. Apenas uma cadeira foi feita na Câmara, com as chamadas “sobras”, e a candidatura majoritária ficou longe de ser eleita. Na região, nenhum prefeito genuinamente bolsonarista teve votação expressiva.

O PSL em Americana elegeu Marschelo Meche com 777 votos. A expectativa, segundo o presidente do partido e candidato a prefeito Major Crivelari, era eleger dois. A decepção se deu também na disputa pela prefeitura, já que o militar reformado teve 5,1 mil votos e esperava o dobro.

Na análise do prefeiturável derrotado, houve desunião entre os candidatos conservadores na cidade. “Foi aquém do que a gente esperava, até pela nossa postura de direita e por ser uma cidade conservadora. Nós grudamos na figura do Jair Bolsonaro, que teve 98 mil votos na cidade, mas a chamada direita bolsonarista procurou se abrigar em outros blocos no Patriota e Republicanos. Então existe uma direita forte na cidade, mas não houve união em torno de um candidato só”, afirmou Crivelari.

Em Santa Bárbara d’Oeste, o candidato a prefeito do PSL Marcos Fontes foi o último colocado na disputa. Na Câmara, porém, os resultados foram melhores. Além da eleição de Carlos Fontes (PSL), também foi eleito Felipe Corá (Patriota), que baseou sua campanha no apoio irrestrito a Bolsonaro.

Já em Sumaré, mesmo sem associar sua imagem a Bolsonaro, mas tendo sido membro da assessoria do deputado estadual bolsonarista Delegado Bruno Lima (PSL), Alan Leal (Patriota) foi eleito vereador. Outros candidatos do PSL, com perfil de defesa constante do presidente, não tiveram êxito e ficaram de fora da Câmara.

De maneira geral, na análise do Major Crivelari, a explicação para o bolsonarismo não ter emplacado com força total no interior se dá por uma questão nacional e estadual de o PSL ter se dissolvido após a saída do presidente do partido. “A maior dificuldade em herdar os votos de Bolsonaro foi a dissolução do PSL. Essa ruptura levou ao baixo desempenho” disse.

DORIA

Tradicional na região de Americana, o PSDB não terá, pela primeira vez em 12 anos, o comando de uma das cinco prefeituras da região, já que foi derrotado nas três eleições majoritárias que disputou no último domingo: Americana, Nova Odessa e Hortolândia.

O cenário também não é dos melhores nas Câmaras de vereadores, já que o número de parlamentares eleitos pela legenda ficou abaixo do registrado nas eleições de 2016.

O presidente do PSDB de Americana, Roger Willians, vice-prefeito da cidade e muito ligado aos deputados tucanos Cauê e Vanderlei Macris, principais forças do partido na região, minimizou resultado regional citando vitórias da legenda em 200 cidades em todo o Estado.

Ele também citou as mudanças no formato das coligações para as eleições de vereadores como uma das possíveis razões para a diminuição de cadeiras conquistadas. Em 2016, foram dez. Agora, oito.

“A eleição foi muito dividida. Ficou clara a questão multipartidária, inclusive porque não houve mais coligação proporcional. Isso também impactou. Em números de votos, o partido não se saiu tão mal assim. Vitórias e derrotas são naturais em eleições. Quando você pega um número global, o PSDB fará quase 200 prefeitos, sem contar os vices”, disse Roger.

Uma das principais apostas do partido na região era o vereador Rafael Macris, filho de Vanderlei e irmão de Cauê, que ficou em terceiro na corrida pela Prefeitura de Americana. O partido na cidade conseguiu, ao menos, manter as três cadeiras no Legislativo. Em Sumaré, no entanto, uma das duas cadeiras não foi reconquistada. A única cadeira barbarense também não foi reconduzida ao partido.

Outro grande revés para o grupo político foi a derrota de Dr. Lourenço na disputa pela Prefeitura de Nova Odessa. Ele era o indicado para dar continuidade ao trabalho do atual prefeito tucano, Benjamim Bill Vieira de Souza, há oito anos no poder. O alento na cidade foi a manutenção de três cadeiras na Câmara, um terço do total do Legislativo da cidade.

Roger descolou os resultados dos recentes embates do governador João Doria com o presidente Jair Bolsonaro, e disse que as medidas do tucano frente à pandemia, considerada por alguns como exageradas, foram necessárias. “O governador fez o que tinha que fazer no momento da pandemia e isso ficou claro nesta quantidade de prefeitos da base dele que foram eleitos”, disse.

O presidente do partido tucano considera ainda que, apesar dos resultados regionais, o PSDB “vai se fortalecer ainda mais e disputará fortemente as eleições de 22”.

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