Metrô da cidade foi invadido por uma cascata de água; veja o vídeo
Ao menos 15 pessoas morreram em três estados norte-americanos em virtude das chuvas torrenciais desta quarta-feira à noite (1) causadas pela tempestade Ida. O maior número de vítimas foi na cidade de Nova York, onde pelo menos nove pessoas morreram.
A tempestade, que chegou ao país como um furacão, provocou grandes inundações, informou a polícia. Nos estados de Nova Jersey e Maryland, também no noroeste do país, duas mortes foram confirmadas, levando o total na região para 11. Com as quatro mortes em New Orleans, já são 15 mortes provocadas pela tempestade Ida no país.
Segundo o jornal New York Post, entre os mortos na cidade de Nova York estão uma criança de 2 anos e seus pais, que não conseguiram sair do apartamento onde moravam, no subsolo de um prédio no bairro do Queens. No mesmo bairro, um homem de 22 anos e sua mãe, de 45 anos, e uma idosa de 86 anos também morreram depois de ficaram presos no subsolo do prédio onde residiam.
Além deles, um homem de 66 anos foi encontrado morto no seu apartamento no subsolo de um prédio no Brooklyn. Em Cypress Hills, uma mulher de 40 anos foi encontrada morta em casa.
Na noite de ontem, um homem de 70 anos foi encontrado morto dentro de um veículo em Passaic, Jersey. Hoje, um jovem de 19 anos também morreu no estado de Maryland em decorrência das inundações.
Estado de emergência
A governadora do estado de Nova York, Kathy Hochul, e o prefeito da cidade, Bill de Blasio, declararam estado de emergência após as inundações, que aconteceram após a passagem da tempestade Ida e podem afetar quase 20 milhões de pessoas.
“Estou declarando estado de emergência para ajudar os nova-iorquinos afetados pela tempestade desta noite”, tuitou Hochul depois que Ida, que atingiu o sul dos Estados Unidos no domingo como furacão de categoria 4, provocou tornados e inundação enquanto seguia na direção norte.
“Procurem refúgio AGORA. Destroços que voam serão perigosos para aqueles surpreendidos sem abrigo. Procure um andar inferior e permaneçam longe das janelas”, escreveu no Twitter o comitê de informações sobre emergências da cidade de Nova York.
Os estados de Nova Jersey e da Pensilvânia já haviam decretado estado de emergência por conta da tempestade Ida. Nas redes sociais, várias imagens mostrando o metrô inundado e ruas alagadas em Nova York foram compartilhadas.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, declarou estado de emergência na cidade na noite de ontem, depois das chuvas provocadas pela tempestade. Para ele, trata-se de um “evento climático histórico”.
Praticamente todas as linhas do metrô de Nova York tiveram a circulação interrompida após a tempestade provocada pelo furacão Ida, que chegou há três dias na Lousiana, no sul dos Estados Unidos, causando inundações e tornados em alguns estados do nordeste do país, como York e Nova Jersey, onde o estado de emergência também foi decretado, além da Pensilvânia.
Cidade para
Em Nova York, a circulação da maioria dos veículos foi interrompida até 5h. De acordo com a correspondente da RFI em Nova York, Loubna Anaki, mais de 200 mm de água caíram em alguns locais, o equivalente a um mês de precipitações. A chuva também inundou a garagem de alguns nova-iorquinos, diz, que ficaram com água até os joelhos.
Muitas pessoas ficaram sem ter como voltar para casa, com o fechamento das estradas, túneis ou vias expressas. Um jogo de tênis da US Open foi interrompido.
Além disso, centenas de voos foram cancelados nos aeroportos de Newark, LaGuardia e JFK. As inundações bloquearam grandes avenidas em diferentes áreas da cidade, incluindo Manhattan, Bronx e Queens.
Situação é caótica na Louisiana
O furacão Ida atingiu a Louisiana, no sul dos Estados Unidos, no último domingo, como categoria 4 — quase 5 — e ventos com picos de 250 km/h. Muitas casas foram completamente destruídas e áreas ainda estão submersas. Um dos maiores problemas hoje é a falta de energia elétrica e de combustível. Boa parte da Louisiana sofre com a falta de luz e mais de 1 milhão de pessoas em Nova Orleans ainda estão sem energia.
Outras dezenas de milhares também continuam no escuro na capital, Baton Rouge, que fica mais ao centro. A situação traz uma avalanche de problemas: as temperaturas estão altas e muitas pessoas com problemas de saúde não têm energia para ligar os equipamentos médicos. Também não é possível armazenar comida e muitos supermercados estão fechados, já que os geradores são insuficientes.
Vídeo mostra barco circulando por ruas inundadas:
Além disso, os postos estão sem gasolina. Sete refinarias ficaram sem produção e isso faz com que não seja possível abastecer os geradores. Os hospitais também sofrem com a falta de energia e estão no limite — Louisiana é um dos estados americanos com maior índice de transmissão da covid-19.
A previsão é desanimadora. As autoridades dizem que, em algumas regiões, pode levar semanas ou mais de um mês para que as redes de energia sejam restabelecidas. Também falta água potável e os serviços de distribuição de comida não conseguem chegar a algumas áreas, que estão isoladas. Não há rede telefônica, celular e internet, e até as canalizações de esgoto estão saturadas.
Áreas isoladas
As autoridades ainda não conseguiram chegar em muitas áreas, onde o acesso está impossível. Os rastros de destruição estão por toda parte, muitas árvores caíram, ruas estão bloqueadas e há lixo espalhado por toda parte. Grand Isle, uma pequena ilha famosa pelas praias, no golfo do México, está com 100% das casas inabitáveis e 40% foram destruídas totalmente. A previsão é que a reconstrução levará de 3 a 5 anos.
O furacão Ida atingiu a Louisiana exatamente no dia que a tragédia provocada pelo furacão Katrina completou 16 anos. Apesar da força do Ida ter sido maior, a primeira grande diferença é o número de vítimas. Mais de 1.800 pessoas morreram durante o Katrina, 1.600 só na Louisiana.
Até agora não foi divulgado o número total de mortes provocadas pelo Ida, porque há ainda comunidades isoladas. Duas mortes foram confirmadas na Louisiana.
No Mississippi, onde as fortes chuvas provocaram o colapso parcial de uma estrada, duas pessoas morreram e 10 ficaram feridas, três delas em estado crítico, segundo a polícia. Dois eletricistas que reparavam os danos provocados pela tempestade faleceram no Alabama, segundo o canal NBC News.
Outra pessoa morreu na quarta-feira em Maryland, onde Ida, rebaixada para tempestade tropical, também provocou grandes inundações. Os ventos do Ida tocaram o solo com mais força que o Katrina – cerca de 250km/h, comparando com 200 km/h, há 16 anos.
Mas a tempestade causada pelo Katrina foi muito maior. Como Nova Orleans é cercada por água e grande parte da cidade fica abaixo do nível do mar, uma série de diques mantém os residentes seguros. Há 16 anos, aquele sistema estava sobrecarregado.
Nos últimos anos, US$ 14 bilhões foram investidos no sistema de proteção contra enchentes da cidade. O sistema funcionou, portanto em Nova Orleans a inundação foi menor, mas não em cidades vizinhas, menos populosas, que estão fora do esquema de proteção e ainda estão isoladas.
Ainda não há uma estimativa exata dos prejuízos, mas um relatório do Órgão de Meteorologia da ONU diz que o Katrina de 2005 custou quase US$ 164 bilhões em perdas e o Ida pode também atingir esse número, embora tenha sido menos fatal.