Ele era considerado um dos maiores da França e fez fama ao estrelar filmes de Jean LKuc-Godard
A França perdeu um de seus maiores atores. Jean-Paul Belmondo, astro francês que fez fama ao estrelar filmes de Jean-Luc Godard, morreu hoje (6), aos 88 anos. A notícia foi confirmada pelo advogado do ator, mas a causa da morte não foi divulgada.
Belmondo ficou conhecido pela participação em filmes como “Acossado” (1960) e “O Demônio das Onze Horas” (1965), clássicos da Nouvelle Vague dirigidos por Godard. De acordo com o advogado Michel Godest, o ator “estava muito cansado há bastante tempo. Ele morreu tranquilamente”.
Ator carismático que muitas vezes realizava suas próprias cenas perigosas, Belmondo mudou na década de 1960 para filmes convencionais e se tornou um dos principais heróis de comédia e ação do cinema francês.
Ao logo de mais de meio século de carreira, Bébel, como era conhecido pelos amigos e fãs, foi também produtor e estrela de teatro. Em 2011, ele recebeu a Palma de Honra do Festival de Cannes, principal festival de cinema do mundo. E em 2017, foi homenageado na cerimônia do Cesar, o Oscar do cinema francês.
No cinema, estrelou inicialmente um curta-metragem de 1956, também dirigido por Godard. “Acossado”, lançado quatro anos depois, é considerado pontapé da Nouvelle Vague, movimento que surgiu como contraponto às grandes produções de Hollywood na época.
A Nouvelle Vague é marcada pelo uso da luz e da identidade do diretor em cada uma das cenas. A dobradinha entre Godard e Belmondo fez sucesso.
O diretor foi criticado por escrever as cenas à medida que elas seriam gravadas. O sucesso do filme ficou a cargo da boa atuação de Belmondo, que respondeu de forma correta às técnicas de Godard.
O ator alcançou sucesso mesmo entre as décadas de 1960 e 1970. Junto a Alain Delon, foi peça-chave para o cinema europeu da época.
Sucesso rodado no Brasil
Um de seus maiores sucessos “O Homem do Rio”, de 1964, teve parte da produção rodada no Brasil, para onde o personagem viajou para resgatar a namorada, sequestrada e levada para a Amazônia.
Ele apareceu em filmes de ação nas décadas de 1970 e 1980. No início dos anos 1970, o ator fundou sua produtora, a Cerito Filmes. Sua decisão de seguir carreira no cinema comercial e de evitar os salões de arte gerou críticas de que ele havia desperdiçado seu incontestável talento — algo que ele sempre negou.
“Quando um ator faz sucesso, as pessoas lhe dão as costas e dizem que ele escolheu o caminho mais fácil, que não quer se esforçar ou se arriscar. Mas se fosse tão fácil lotar os cinemas, então o mundo do cinema teria uma saúde muito melhor do que a que tem. Não acho que eu teria ficado nos holofotes por tanto tempo se estivesse fazendo qualquer bobagem. As pessoas não são estúpidas”, disse Belmondo.
Em meados da década de 1980, ele deixou os papéis de policial para se reconectar com comédia em “Happy Easter”, de Georges Lautner, e “Hold-up”, de Alexandre Arcady.
Em 1987, “The Solitary” é o último filme de detetive em que ele trabalha. No mesmo ano, ele voltou ao teatro, estrelado por Kean, dirigido por Robert Hossein. Em fevereiro de 1989, pela primeira vez na carreira, recebeu o César de Melhor Ator por Itinerário de uma Criança Mimada, de Claude Lelouch.
Foi um grande boxeador
Belmondo nasceu em 9 de abril de 1933, em Neuilly-sur-Seine, filho do renomado escultor Paul Belmondo e da pintora Sarah Rainaud-Richard. Apesar de sua formação culta, ele parecia mais atraído pelo mundo dos esportes do que pelas artes e foi um grande boxeador em sua juventude.
Depois que descobriu a atuação, foram necessárias três tentativas até que o Conservatório de Paris concordasse em 1952 em aceitá-lo como estudante. Mesmo assim, não foi uma passagem tranquila, e Belmondo desistiu irritado em 1956 após a má recepção de um júri do conservatório sobre uma de suas apresentações.
Um de seus professores disse na época: “O senhor Belmondo nunca terá sucesso com sua cara de desordeiro.” A resposta de Belmondo foi um gesto obsceno. Ele estrelou mais de 80 filmes, muitos deles sucessos de bilheteria, durante o meio século seguinte.
Belmondo foi casado com a dançarina Élodie Constantin, com quem teve três filhos. Em 1989, ele conheceu Natty Tardivel, se casou em dezembro de 2002 e teve uma uma filha, em agosto de 2003. Depois de 20 anos juntos, o casal se divorciou em 2008.