George Russell substituirá Valteri Bottas na equipe de Fórmula 1
Julianne Cerasoli
Folhapress
Em dezembro de 2020, George Russell sentiu o gostinho de ir de um dos piores para o melhor carro do grid quando substituiu Lewis Hamilton no GP de Sakhir. Não ganhou a corrida por um misto de má sorte e um erro incomum no pit stop da Mercedes. Mas a partir da primeira corrida da temporada 2022, lutar pelas primeiras posições tem tudo para se tornar habitual para ele.
Depois de meses de especulação, que só cresceram justamente depois da performance em Sakhir, Russell foi confirmado nesta terça-feira (7) pela Mercedes como titular ao lado de Hamilton no ano que vem. Ele substituirá Valteri Bottas, que foi para a Alfa Romeo.
No anúncio não há a especificação da duração do contrato com britânico. Mas entende-se que ele se estende para além da temporada de 2022. “É um dia especial para mim do lado pessoal e profissional, mas também um dia de emoções misturadas”, disse Russell.
“Estou animado e honrado por me juntar à Mercedes no próximo ano, o que é um grande passo na carreira, mas também significa que vou dizer adeus aos meus companheiros de equipe e amigos da Williams. Foi uma honra trabalhar ao lado de cada membro da equipe e uma honra representar o nome Williams na F1.”
✍️ @GeorgeRussell63 will race for the Team alongside @LewisHamilton from the 2022 F1 season! pic.twitter.com/pcyOqlSxdi
— Mercedes-AMG PETRONAS F1 Team (@MercedesAMGF1) September 7, 2021
“Olhando para a próxima temporada, eu estaria mentindo se dissesse que não estou totalmente empolgado. É uma grande oportunidade que quero agarrar com as duas mãos. Mas não tenho ilusões quanto ao tamanho do desafio: vai ser uma curva íngreme de aprendizado. Meu objetivo deve ser recompensar a confiança que Toto, a equipe e os acionistas depositaram em mim, garantindo que eu faça minha parte na continuidade desse sucesso e quero deixar meus novos companheiros de equipe orgulhosos”, acrescentou o piloto.
“Claro, um desses novos companheiros de equipe é, na minha opinião, o maior piloto de todos os tempos. Eu admiro Lewis desde que eu estava no kart e a oportunidade de aprender com alguém que se tornou um modelo dentro e fora da pista só pode me beneficiar como piloto, como profissional e ser humano”, disse ainda Russell.
A decisão da Mercedes de promover o piloto, cuja carreira é apoiada pelos alemães desde 2017, é carregada de significados. Primeiramente, é uma aposta clara de que Russell seja o sucessor do maior vencedor de todos os tempos da F1, uma vez que Hamilton já tem 36 anos e assinou a extensão de seu contrato até o final de 2023, quando é possível que se aposente.
Em segundo lugar, trata-se de uma derrota interna para Lewis em certa medida, já que ele defendeu, inclusive publicamente, a permanência de Bottas. Porém, as performances de Russell neste ano, especialmente em classificações, e sua clara impaciência com a demora para ter uma promoção, começaram a abrir brechas para a Mercedes acabar perdendo seu jovem piloto.
Isso colaborou para que o chefe da Mercedes, Toto Wolff, aceitasse correr o risco de voltar a ter uma dupla de pilotos com um relacionamento mais ríspido fora da pista e embates mais competitivos dentro dela, assim como aconteceu entre Hamilton e Nico Rosberg entre 2013 e 2016. De qualquer forma, Hamilton cumprimentou o novo companheiro de equipe:
I want to take a moment to welcome @GeorgeRussell63 to the team. Through hard work he has rightly earned his spot. I look forward to seeing him grow as a driver with this great team and working with him to raise @MercedesAMGF1 higher. See you next year?? pic.twitter.com/CRsgrilmUd
— Lewis Hamilton (@LewisHamilton) September 7, 2021
Na segunda-feira, a Alfa Romeo tinha anunciado a contratação do atual piloto da Mercedes, Valtteri Bottas, e Hamilton usou suas mídias sociais para agradecer a parceria de cinco anos, referindo-se ao finlandês como “o melhor companheiro com o qual tive o prazer de trabalhar”, destacando os quatro títulos de construtores que eles conquistaram com a Mercedes.
O crescimento da Red Bull também pode ser visto como outro fator que pesou na decisão de trazer Russell, já que os pontos de ambos os pilotos serão ainda mais importantes para o título de construtores caso essa tendência se confirme em 2022, quando a F1 terá novos carros, bastante diferentes dos atuais.
Não por acaso, Wolff destacou que o processo decisório não fácil. Assim como Hamilton, Russell foi campeão no kart e nas categorias de base (George conquistou títulos na F4, F3 e F2 antes de subir para a Williams em 2019). E, neste ano, finalmente conseguiu seus primeiros pontos com o time inglês, e inclusive subiu ao pódio no atípico GP da Bélgica.