O novo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirmou ontem que o estado “precisa ter a sua Guantánamo” para traficantes, em referência à polêmica prisão americana em Cuba que abriga prisioneiros acusados de terrorismo.
Ele fez a afirmação após voltar a dizer que os traficantes “estão sambando na nossa cara” com fuzis nas mãos, que vai focar na investigação “do elo mais forte da corrente, que é quem dá o fuzil e o dinheiro”, e que vai tentar aprovar uma lei junto ao Congresso Nacional para classificá-los como terroristas.
“A lei antiterrorismo pode aumentar o limite da pena de 30 para 50 anos, aumentar o regime integralmente fechado, sem visita, em estabelecimentos prisionais destacados, longe da civilização. Nós precisamos ter o nosso Guantánamo, é preciso colocar os terroristas em locais em que a sociedade se livre definitivamente deles”, disse.
Guantánamo foi inaugurada em 2002 pelo presidente George W. Bush após os atentados de 11 de Setembro. Autoridades americanas já chegaram a admitir o uso de tortura contra os presos do local. Há um ano, 41 homens estavam detidos na ilha.
Witzel deu a declaração durante a posse do novo secretário estadual da Polícia Civil, o delegado Marcus Vinícius de Almeida Braga, ex-diretor de Polícia Especializada. Na manhã de ontem, ele também empossou como secretário da Polícia Militar o coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, ex-comandante das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).
O governador extinguiu a Secretaria da Segurança Pública, responsável por coordenar as polícias Civil e Militar há 23 anos, e deu ao comando das duas corporações o status de secretarias.
Com o fim da intervenção federal na segurança do estado no último dia 31 e a recusa dos interventores em passar o bastão diretamente às polícias, o governador criou uma secretaria temporária de transição.
Chefiada pelo engenheiro Roberto Motta, a estrutura vai durar até junho de 2019, quando o gabinete de intervenção pretende concluir as compras de materiais feitas com o R$ 1,2 bilhão disponibilizados pelo governo federal.
Paralelamente às duas secretarias das polícias, Witzel também criou um Conselho de Segurança Pública, que tem a missão de discutir políticas e integrar as duas corporações sob o comando do desembargador Jayme Boente.