O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou ao velório do neto no cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo, às 11h deste sábado (2). Como está autorizado a ficar 1h30 no local, o petista aguardou após o pouso em Congonhas, ocorrido antes das 9h -a cerimônia de cremação está marcada para as 12h.
Lula chegou aos gritos de “Lula livre” e “Lula guerreiro do povo brasileiro”. Ele acenou para os simpatizantes, que se aglomeravam no entorno, contidos por grades. Os apoiadores rezaram um Pai-Nosso em seguida. Arthur Araújo Lula da Silva, 7, morreu em decorrência de meningite meningocócica na sexta (1º). Familiares e amigos se despediram do menino num caixão aberto. À frente havia brinquedos, bola de futebol e um par de chuteiras.
Arthur visitou o avô por duas vezes na sede da PF, no ano passado. Era filho de Marlene Araújo Lula da Silva e Sandro Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente e de Marisa. Lula recebeu autorização da Justiça Federal do Paraná para acompanhar o velório. A Lei de Execução Penal prevê a permissão de saída de presos para velórios e enterros de familiares, incluindo descendentes.
O ex-presidente deixou a carceragem da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre pena por condenações de corrupção na Lava Jato, em um helicóptero às 7h. De lá seguiu para o aeroporto do Bacacheri, onde trocou de aeronave rumo ao aeroporto de Congonhas, na capital paulista.
Lula voou para São Paulo em avião do Governo do Paraná, cedido a pedido da Polícia Federal pelo governador Ratinho Júnior (PSD). De Congonhas, Lula seguiu de helicóptero para as proximidades do cemitério. O restante do trajeto foi feito de carro. Mais de dez viaturas da Polícia Militar aguardaram a chegada de Lula no cemitério. Os policiais armados ficaram responsáveis pela segurança do lado de fora da sala do velório, enquanto a segurança de Lula ficou a cargo da PF.
Sindicalistas e apoiadores também tiveram a entrada autorizada, e a aglomeração no local cresceu ao longo da manhã. Simpatizantes e políticos tiveram que deixar o local onde está o caixão de Arthur por uma determinação da PF de que somente familiares estivessem presentes. Apoiadores saíram e se aglomeram no entorno.
Seguranças do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC montaram uma estrutura de grades para controlar a entrada.
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, informou aos policiais que a militância não foi convocada, e que o velório seria reservado a familiares e amigos. Lideranças petistas demonstraram incômodo com a quantidade de policiais, já que não houve concentração de militantes.
SAÍDA
É a primeira vez que Lula visita seu reduto político depois que foi preso, em abril do ano passado. Ele deixou a carceragem da PF apenas duas vezes, para prestar depoimentos no prédio da Justiça Federal do Paraná. A saída da prisão foi autorizada pela juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução penal de Lula, nesta sexta-feira. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal também se manifestaram favoravelmente à decisão.
Os detalhes da segurança e do deslocamento do ex-presidente, no entanto, foram mantidos sob sigilo para “preservar a intimidade da família e garantir não apenas a integridade do preso, mas a segurança pública”, segundo informou a Justiça Federal do Paraná.
Neste sábado, poucos assessores acompanharam a saída do petista, do lado de fora da PF. No horário de partida do helicóptero, não havia militantes na Vigília Lula Livre, montada em frente à PF desde que o ex-presidente foi preso, em abril do ano passado. Os militantes decidiram não organizar atos de apoio para dar condições à saída do petista. Por volta das 9h, cerca de 30 pessoas que fazem parte da Vigília Lula Livre realizaram um ato menor, cantaram “força, Lula”, e fizeram um minuto de silêncio em homenagem ao neto do político.