sábado, 27 abril 2024

Atividade econômica volta a cair em julho

A atividade econômica no Brasil teve retração em julho, apontaram dados do Banco Central divulgados ontem. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) teve recuo de 0,16% no mês em comparação a junho, pior queda mensal de julho em três anos. O declínio também é maior que a estimativa de economistas ouvidos pela Bloomberg, que previam queda de 0,1%.

Na comparação com o mesmo período de 2018, o índice veio melhor que previsto, com alta de 1,31%. A expectativa era de alta de 0,98%. Em junho, o IBC-Br teve a alta de 0,3% corrigida para 0,34% sobre o mês anterior e um recuo anual de 1,75% revisado para 1,54%. No ano, o índice aponta uma alta de 0,78%. Nos últimos 12 meses, o crescimento é de 1,07%, o que mostra uma perda de ritmo, já que, no período até junho, o IBC-Br teve alta de 1,13%.

No ano, apenas maio e junho apresentam crescimento da atividade na comparação mensal. Outros dados econômicos já divulgados para o mês de julho mostram uma quebra na tendência de recuperação do setor industrial vista no segundo trimestre deste ano, mas com resultados acima dos previstos para os setores de comércio e serviços.

Os números do primeiro mês do 3º trimestre apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nas duas últimas semanas mostram que a produção industrial recuou 0,3% em relação ao mês anterior. As vendas no comércio varejista cresceram 1% na mesma comparação, enquanto o setor de serviços registrou avanço de 0,8%, com resultados que surpreenderam positivamente.

“Julho representou uma quebra nessa tendência de recuperação da indústria. Está muito claro novamente um descasamento entre a indústria e os serviços. Isso era algo que a gente já estava vendo no PIB [Produto Interno Bruto] nos últimos trimestres, exceto no segundo trimestre deste ano, quando a construção e a indústria de transformação mostraram algum crescimento”, diz Luana Miranda, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV IBRE.

Os indicadores de agosto seguem mostrando cenário incerto. O setor manufatureiro cresceu no mês passado no ritmo mais rápido em cinco meses, enquanto a atividade no setor de serviços perdeu fôlego, conforme índices de gerentes de compras (PMIs) do IHS Markit. A projeção do mercado financeiro para o PIB de 2019 é de 0,87%, segundo o Boletim Focus do Banco Central. O governo prevê um crescimento ligeiramente menor, de 0,85%. No segundo trimestre, a PIB avançou 0,4%.

SELIC

A fraqueza na atividade tem referendado apostas de cortes de juros pelo Banco Central, que anuncia na próxima quarta-feira (18) sua decisão. O mercado estima que a Selic, atualmente na mínima histórica de 6%, seja reduzida em 0,5 ponto percentual na reunião. Segundo o Focus, a taxa deve passar por mais cortes e terminar o ano a 5%. O IBC-Br é um dos indicadores utilizados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para definir o juro.

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO TEVE R$ 600 MILHÕES

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que, até esta quinta-feira (12), foram aprovados e estão em liberação R$ 600 milhões em crédito imobiliário indexado ao IPCA, a nova linha de financiamento do banco público. Os novos empréstimos começaram a ser ofertados no dia 26 de agosto e, segundo Guimarães, R$ 200 milhões de contratos já foram assinados. O total de crédito pré-aprovado via IPCA soma R$ 4,5 bilhões.

Segundo dados da Abecip, a média mensal dos financiamentos imobiliários foi de R$ 6 bilhões no primeiro semestre deste ano. Guimarães, que falou em evento da construção civil em São Paulo, não divulgou dados da linha tradicional no mesmo período.

O executivo disse ainda que espera lançar a linha sem nenhum indexador nos próximos três anos – até então, o crédito imobiliário era corrigido apenas pela TR, uma taxa fixada pelo governo.

Além de Guimarães, falaram no evento Carlos da Costa, secretário de produtividade do Ministério da Economia, e Gustavo Canuto, ministro do Desenvolvimento Regional.

O recado à construção foi claro: o programa Minha Casa Minha Vida, responsável por manter o setor durante a crise econômica, vai mudar. “Programa será repaginado”, afirmou Canuto. Já Carlos da Costa concordou que a crise só não foi pior por causa do MCMV, que ele classificou como “um dos poucos programas que trouxe bons resultados”.

“Mas quando falamos no futuro da construção brasileira passamos pelo financiamento privado”, acrescentou o secretário do ministério.

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