sábado, 27 abril 2024

Caixa cria sistema de censura prévia a projetos culturais

A Caixa Econômica Federal criou um sistema de censura prévia a projetos culturais realizados em seus espaços no país. Regras implementadas neste ano exigem que detalhes do posicionamento político dos artistas, o comportamento deles nas redes sociais e outros pontos polêmicos sobre as obras constem de relatórios internos avaliados pela estatal antes que seja dado o aval para que peças de teatro, ciclos de debates e exposições já aprovados em seus editais entrem em cartaz. 

Funcionários da Caixa Cultural de diferentes estados relataram à reportagem que essas novas etapas no processo de seleção de projetos patrocinados pelo banco permitem uma perseguição aberta a obras e autores. Os relatórios já eram uma prática de anos anteriores, mas agora ostentam os tópicos “possíveis pontos de polêmica de imagem para a Caixa” e histórico do artista e do produtor “nas redes sociais e na internet”. Procurada, a Caixa diz não haver restrições a temas. 

O documento a que a reportagem teve acesso mostra que no campo sobre polêmicas devem ser levantados o que está descrito da seguinte forma: “possíveis riscos de atuação contra as regras dos espaços culturais, manifestações contra a Caixa e contra governo e quaisquer outros pontos que podem impactar”. 

Na ficha a ser preenchida há ainda campos chamados “histórico do artista nas redes sociais e na internet e participação em outros projetos” e “histórico do produtor nas redes sociais e na internet”. Os tópicos não existiam em anos anteriores, ainda segundo funcionários da empresa. 

Os relatórios são analisados pela superintendência da empresa em Brasília e pela Secom (Secretaria de Comunicação) do Governo Federal, segundo os funcionários. Eles devem conter sinopses sobre os projetos culturais propostos pelos artistas, além de históricos dos proponentes, custos do projeto e justificativas para a seleção. 

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