Em assembleias realizadas nesta quinta (20), os petroleiros grevistas confirmaram a suspensão da paralisação iniciada no dia 1º de fevereiro em protesto contra demissões no Paraná. Assim, voltarão ao trabalho normalmente nesta sexta (21).
A interrupção da greve foi proposta aos sindicatos pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), depois que a Justiça do Paraná suspendeu demissões na fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados (motivo da greve).
Nesta sexta, sindicatos e a Petrobras participam de reunião de mediação no TST (Tribunal Superior do Trabalho). A categoria ameaça retomar o movimento caso não veja avanços nas negociações.
A greve, que completou 20 dias nesta quinta (20), se tornou a maior paralisação da categoria desde a greve de 32 dias em 1995.
A Petrobras decidiu fechar a fábrica no Paraná, alegando prejuízos acumulados de mais de R$ 2 bilhões. A empresa diz que as demissões não serão revertidas e que a fábrica será mesmo fechada.
“Não é justo que a Petrobras carregue esse prejuízo para sempre”, defendeu o presidente da companhia, Roberto Castello Branco, em entrevista nesta quinta, para comentar o lucro recorde de R$ 40,1 bilhões obtido pela estatal em 2019.
Segundo a companhia as negociações com os sindicatos na Justiça se restringirão ao pacto de benefícios oferecido aos demitidos.
Castello Branco disse, porém, que a oferta atual já é “mais do que competitiva, é generosa”.
Ele lembrou que a Petrobras chegou a negociar a fábrica com a russa Akron, que desistiu por não ver sentido econômico na operação. Por isso, a fábrica será hibernada – com operações paradas, mas manutenção dos equipamentos.
Castello Branco disse que a greve não causou impacto na produção de petróleo e derivados.
Durante a paralisação, a empresa usou equipes de contingência e contratou temporários para manter as operações.
Os petroleiros criticaram o balanço da empresa, dizendo que foi obtido com a venda de “subsidiárias estratégicas” – o resultado sofreu forte impacto da venda da empresa de gasodutos TAG e de ações da BR Distribuidora.
“O resultado desse desmonte é o aumento do desemprego”, afirmou a FUP, em nota. A campanha dos petroleiros contra a privatização vem recebendo apoio de partidos de oposição e outras categorias de servidores públicos.
O presidente da Petrobras defendeu que, ao focar em operações mais rentáveis, a Petrobras terá mais dinheiro para investir e gerar emprego. “Se dirigirmos a Petrobras de maneira responsável, vamos criar muito valor para o Brasil.”
Em seu balanço, a Petrobras diz ter recolhido R$ 246 bilhões em impostos em 2019.