A Itália registrou nesta terça (25) a 11ª morte pelo novo coronavírus. As principais regiões atingidas são o norte e o nordeste do país, embora a epidemia tenha avançado em direção ao sul.
Ao todo o país já tem mais de 320 casos registrados da doença. As vítimas são principalmente idosos com problemas prévios de saúde ou que estavam hospitalizados.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte reconheceu falhas em um hospital da região de Milão, o que favoreceu a propagação de covid-19.
O hospital recebeu um doente considerado o “paciente número um” e dali o vírus se propagou, com inúmeros casos na Lombardia.
“Foi uma administração inadequada dos protocolos previstos”, reconheceu o primeiro-ministro Giusepe Conte, que não especificou o nome do hospital ou o local onde as falhas foram registradas.
Das 21 regiões sob observação, em oito foram registrados casos de contágio. Entre elas estão a Toscana e a Sicília, onde uma turista da Lombardia foi hospitalizada.
Outra região afetada é o Veneto, cuja capital é Veneza, onde a primeira morte de um cidadão europeu pelo novo coronavírus foi registrada na última sexta (21).
A região da Emilia-Romagna é a terceira, com os casos concentrados na cidade de Piacenza, perto da Lombardia.
As autoridades mantêm a atenção sobre Roma, onde três pessoas estão hospitalizadas em um instituto especializado, pois são pessoas infectadas no exterior, incluindo dois turistas chineses e um jovem italiano que acabou de voltar da China.
Por enquanto, a cidade de Codogno, no norte, foi identificada com o principal foco da epidemia. Foi na cidade de 15 mil habitantes em que um executivo de 38 anos, considerado o “paciente número um”, foi hospitalizado pela primeira vez na última quarta (19).
Quarenta passageiros de um voo da Alitalia, vindos das regiões do norte da Itália, foram proibidos de entrar nas Ilhas Maurício e tiveram que voltar a Roma. Da mesma forma, centenas de turistas se encontram confinados em um hotel de Tenerife (nas Ilhas Canárias, na Espanha) onde esteve hospedada uma mulher italiana de 36 anos que poderia ser portadora do vírus. Ela, que reside em Barcelona, teria viajado recentemente ao norte da Itália.
Suíça, Croácia, Áustira e Espanha, próximos à Itália, também já registraram seus primeiros casos. O caso suíço é de um homem que esteve recentemente em Milão.
Os ministros da Saúde dos países vizinhos à Itália se comprometeram nesta terça-feira (25) a manter as fronteiras abertas, informou o ministro italiano da Saúde, Roberto Speranza. Os ministros consideram o fechamento de fronteiras algo “ineficaz e desproporcional”, disse após reunião com seus pares da França, Suíça, Áustria, Eslovênia, Croácia, Alemanha e um representante da União Europeia.
Fora da China, a Coreia do Sul é o principal foco de epidemia: 144 novos casos de contaminação, aumentando o total para 977 infectados e dez mortos. Na África, Argélia e Egito têm casos da doença.
No Irã houve três novas mortes, chegando a 16 no total, o maior número fora da China. O vice-ministro da Saúde do país persa declarou estar contaminado. Uma missão de especialistas da OMS que ia ao país teve que ser adiada.
Em um contexto de tensões entre Washington e Teerã, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que os
EUA estão “preocupados com as informações que indicam que o regime iraniano pode ter ocultado detalhes importantes sobre a epidemia no país”.
Os Emirados Árabes Unidos suspenderam os voos que tinham Irã como origem ou destino, o que afeta o aeroporto de Dubai, o maior do mundo. Vários países da região anunciaram o contágio de pessoas vindas do Irã. Diferentemente da Europa, com sua política de fronteira aberta, vários países vizinhos ao Irã bloquearam as fronteiras, mas o vírus já atingiu o Afeganistão e outros países da região.
O diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na segunda (24) que existe uma ameaça de pandemia, ou seja, uma epidemia de abrangência global.
A agência da ONU diz estar preocupada com os riscos que correm os países pobres e malpreparados para detectar e combater o coronavírus.
A China está disposta a oferecer assistência e suprimentos médicos aos países africanos, caso a epidemia os atinja, disse o presidente chinês Xi Jinping. Já os EUA planejam investir US$ 2,5 bilhões (R$ 11 bilhões) contra a doença.
As autoridades de saúde dos EUA projetam que o novo coronavírus se espalhe no país e instaram governos, empresas e escolas a desenvolverem planos de contingência, como o cancelamento de aglomerações ou apelo ao teletrabalho.
De acordo com um estudo chinês, a cloroquina, agente geralmente usado no combate à malária, mostrou-se eficaz contra o coronavírus.