Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre as brasileiras e já matam sete vezes mais que o câncer de mama, alerta a Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo). Se considerados todos os tipos de câncer, matam o dobro.
A cardiologista Lília Nigro Maia, diretora de qualidade assistencial da entidade, diz que pesquisas nacionais e internacionais embasam o alerta. “Há 60 anos, morria uma mulher a cada nove homens por doenças cardiovasculares. A mulher mudou o comportamento. Está mais obesa, fumante e faz menos atividade física”, afirma a médica.
Em 2018 (dados da Socesp mais recentes), no estado de São Paulo, as doenças cardiovasculares mataram 46.175 homens e 41.536 mulheres.
No Brasil, o total de mortes por doenças cardiovasculares foi de 357.770, sendo 169.416 mulheres. Considerando todos os tipos de cânceres, houve 227.920 mortes, das quais 108.841 de mulheres, sendo 17.572 delas ocasionadas por câncer de mama.
Por isso, a entidade aproveita o mês de sensibilização para a prevenção do câncer de mama, o “Outubro Rosa”, para lembrar o público feminino que, tão importante quanto fazer o autoexame nas mamas e os exames médicos preventivos, é não descuidar do coração. A Socesp lançou a campanha “Nós cuidamos do seu coração”.
“O objetivo não é desvalorizar a campanha de prevenção ao câncer de mama, mas fazer um alerta: embora a preocupação com o câncer de mama seja muito válida, a doença cardiovascular é uma causa muito mais importante de morte”, afirma Maia.
ESTATÍSTICAS
Uma a cada cinco mulheres está sujeita a sofrer um infarto. A médica afirma ainda que, como os sintomas de infarto no homem e na mulher são diferentes, há subdiagnosticação no caso delas.
“As mulheres têm menos o quadro clássico. A dor é meio genérica, não é bem no peito. Muitas vezes, apresentam náuseas ou falta de ar e são rotuladas como estresse. Por isso, quando chegam ao hospital com dor no peito, a chance de receberem um tratamento adequado é menor.”
O estresse psicossocial está na lista das causas do infarto ao lado de colesterol, diabetes, obesidade abdominal, hipertensão e cigarro.
É possível prevenir 80% dos casos com medidas simples, como manter alimentação saudável -comer porções diárias de legumes, verduras e frutas- e praticar atividade física pelo menos 150 minutos por semana, incluindo atividades rotineiras como subir escadas e fazer faxina.
“A consciência deveria começar na juventude, pois você vai colher os frutos dependendo do estilo de vida que levar. Se fumar, comer errado, ficar acima do peso e manter o descontrole do diabetes e da pressão arterial a chance de encurtar a vida é muito alta.
Estudo da Socesp divulgado no ano passado em congressos médicos mostrou que apenas 30% das entrevistadas fazem atividade física regular.
Foram ouvidos 93.605 pacientes de UBS (Unidades Básicas de Saúde) no Estado de São Paulo, sendo 62.203 mulheres e 31.402 homens.
Alimentação balanceada, com ingestão diária de frutas, legumes e verduras reduz em 30% o risco de infarto, segundo a mesma pesquisa. Das entrevistadas, 58,8% consumiam esses alimentos diariamente.