sábado, 5 outubro 2024

Agentes de segurança agridem pessoas em situação de rua em Belém

Vídeos divulgados em redes sociais mostram a vítima sendo acordada com violência pelo grupo e retirada de cima da estrutura de madeira, quando começa a ser agredida pelos seguranças, sem chance de defesa

O homem foi agredido com cassetete e chutes (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil do Pará investiga dois casos de agressão a pessoas em situação de rua cometidas por agentes de segurança, em Belém. Em um deles, até uma máquina de dar choques é utilizada pelo grupo que encurralou a vítima.

Vídeos divulgados em redes sociais mostram quando um homem que dormia sobre uma estrutura de madeira na Feira da 25 -uma das mais tradicionais da capital paraense- é abordado por vigias de uma empresa de segurança patrimonial identificada como Braga, no último dia 17.

A vítima é acordada com violência pelo grupo e retirada de cima da estrutura, quando começa a ser agredida pelos seguranças, sem chance de defesa.

“Ei vigia, o que é isso? Por favor, cara. Por que vocês estão fazendo isso comigo? Por favor! Todos os vigias me conhecem aqui. Você tá me espancando. Eu não sou marginal”, implora o homem, antes de ser violentamente agredido com golpes de cassetete e chutes no rosto.
A Associação dos Feirantes da Feira da 25 informou à Folha que a empresa Braga Segurança Patrimonial não presta serviços para o local e nenhum dos seus associados.

Procura, a empresa afirmou que os seguranças atuavam como vigilante das ruas do bairro e todos os envolvidos na agressão foram demitidos. A Braga Segurança Patrimonial ainda informou “não compactuar com esse tipo de procedimento.”

O caso de agressão foi duramente criticado. A Arquidiocese de Belém repudiou toda e qualquer forma de violência contra os princípios da vida e integridade humana.

“Buscamos através do trabalho de nossas Pastorais, incansavelmente, promover o bem-estar de moradores de rua, pessoas abandonadas ou à margem da sociedade”, diz a nota.

Já o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) publicou vídeo em suas redes sociais classificando o episódio como tortura e pedindo que os responsáveis sejam punidos.

A Prefeitura de Belém informou ainda que vai solicitar ao Ministério Público do Pará que instaure um procedimento para investigar a atuação de redes de segurança privada na capital paraense.

Outro flagrante de violência na cidade, dessa vez publicado nas redes sociais do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, mostra outro homem sendo agredido por agentes de segurança.

“Violência contra irmão de rua, em Belém do Pará. Até quando?”, questiona o religioso na postagem.

As imagens mostram a vítima sentada em uma calçada e sendo abordada violentamente pelo agente, que pede a ele que sai do local. O agressor utiliza uma máquina de choque para derrubar o homem, que, na sequência, recebe vários chutes ao cair no chão.

É possível ver ainda que o agressor está acompanhado de outras duas pessoas.

A Polícia Civil do Pará informou que já investiga o caso e não confirmou se os agentes gravados cometendo a agressão seriam policiais militares. “Um inquérito foi instaurado. Todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas para identificar os autores dos fatos”, diz nota enviada à Folha de S.Paulo.

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