segunda-feira, 19 maio 2025

Agora, Pazuello diz que vacinação pode começar este mês ou em janeiro

Com os primeiros países iniciando ou anunciando campanhas de vacinação e o governador João Doria dizendo que pretende iniciar a imunização em São Paulo no fim de janeiro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira (9) que é possível começar a aplicar as primeiras doses da vacina contra a Covid-19 oferecidas pelo governo federal em dezembro ou janeiro, em caráter restrito.

A declaração, em entrevista ao canal CNN Brasil, contrasta com a afirmação do próprio ministro na véspera, a governadores, de que a aprovação de qualquer vacina contra Covid-19 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) levaria em torno de 60 dias. Sem o aval da Anvisa, nenhum imunizante pode ser aplicado.

Contrasta, ainda, com uma série de incógnitas relacionadas aos imunizantes, que vão de falta de contrato à falta de comprovação de eficácia.

“O uso emergencial pode acontecer agora em dezembro, em hipótese, se nós fecharmos o contrato com a Pfizer”, disse o ministro na entrevista desta quarta. “O ‘se’ é porque o contrato está sendo fechado […] Se a Pfizer conseguir autorização emergencial e a Pfizer nos adiantar alguma entrega, isso pode acontecer em janeiro, final de dezembro”.

Pazuello acrescentou que, se uma série de variáveis se alinharem favoravelmente, a imunização da população pode começar em janeiro ou fevereiro – a eventual vacinação em dezembro ainda não constituiria uma campanha, segundo o ministro, mas a aplicação “quantidade pequenas, que são de uso emergencial”.

A vacina da Pfizer, com 95% de eficácia atestada, é a única já em uso no mundo – o Reino Unido começou a aplicá-la nesta terça (8). Entretanto, só passou a ser negociada pelo governo nesta semana.

O imunizante no qual o governo investiu R$ 1,9 bilhão, desenvolvido pela Astrazeneca com a Universidade de Oxford e que será fabricado pela Fiocruz, enfrenta questionamentos sobre sua eficácia após admitir erros de procedimento.

Por fim, a chinesa Sinovac, da vacina CoronaVac, fechou contrato com o governo Doria (PSDB), desafeto do presidente Jair Bolsonaro e seu provável adversário nas eleições de 2022, e ainda não apresentou as conclusões de seus testes de eficácia, o que é esperado para breve.

IDAS E VINDAS

Ainda não está claro o prazo com o qual o governo trabalha.

No dia 1º de dezembro, ao divulgar quais seriam as etapas iniciais da campanha de vacinação, o Ministério da Saúde sinalizou que a previsão era que ela começasse em março, com a vacinação de profissionais da saúde, indígenas e maiores de 75 anos.

Até agora, entretanto, o governo não apresentou um plano completo, que inclua datas e operação logística, para vacinar a população em geral. Em nota no fim da tarde de quarta, o Ministério afirmou que isso ocorrerá “em breve”.

O comunicado gerou frustração, após Pazuello ter indicado na reunião com governadores da véspera que essa apresentação poderia ocorrer nesta quarta. A nota, no entanto, afirma que o material ainda vai passar por revisão técnica, antes de ser enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Em audiência na Câmara, também nesta quarta, o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, foi cobrado por parlamentares pelo caráter “vago” do plano apresentado até o momento.

“Plano apresentado pelo Ministério da Saúde é um saco vazio que não para em pé: não tem meta de vacinar toda a população, não tem data pra começar, não tem seringa para aplicar”, disse o deputado Federal Alexandre Padilha (PT-SP), que é médico e encabeçou a pasta de 2011 a 2014 .

Por ora, as quatro etapas apresentadas pelo governo visam, além dos grupos citados, maiores de 60 anos e doentes crônicos cujas condições aumentem o risco de morte caso contraiam Covid, além de professores e profissionais de segurança (incluída num primeiro momento, a população carcerária foi retirada do plano).

As doses já garantidas de vacina tampouco são suficientes para contemplar os 210 milhões de brasileiros.

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