quinta-feira, 2 maio 2024

Após terremoto que deixou mais de 300 mortos, novo tremo atinge o Haiti

Muitos prédios desabaram, e as autoridades locais dizem que há centenas de desaparecidos soterrados  

Autoridades haitianas afirmam que pelo menos 304 pessoas morreram no primeiro terremoto que atingiu o Haiti – Reprodução/Twitter

Horas depois do grande terremoto que deixou mais de 300 mortos, um novo tremor de magnitude 5,9 atingiu o Haiti na noite deste sábado (14), informou o Centro Sismológico Europeu do Mediterrâneo (EMSC, na sigla em inglês). O novo terremoto ocorreu a uma profundidade de 8 km (4,97 milhas), disse a EMSC. Ainda não há informações de vítimas.

O embaixador do Brasil em Porto Príncipe, Marcelo Baumbach, afirmou que não há brasileiros entre as vítimas da tragédia. As autoridades já entraram em contato com os residentes na ilha.

“O terremoto atingiu principalmente a região de Jérémie, onde as construções são mais precárias. Foi sentido também em Porto Príncipe, mas menos.”, disse. “A internet está funcionando na capital e tem sido o principal meio de comunicação para informar sobre o ocorrido”, acrescentou o embaixador.

De acordo com o balanço mais recente da defesa civil haitiana, pelo menos 304 pessoas morreram em decorrência do tremor. As cidades de Cayes e Jérémie, no sudoeste da ilha, foram as mais afetadas.

Autoridades locais dizem que centenas de haitianos estão soterrados ou desaparecidos. Em nota, o Itamaraty afirmou que a comunidade brasileira no Haiti é de aproximadamente 50 pessoas, a maioria religiosos.

O Itamaraty divulgou um comunicado em que o governo brasileiro manifesta solidariedade ao povo haitiano e diz ter compromisso com “a continuidade da ajuda humanitária” ao país caribenho.

O primeiro terremoto de magnitude 7,2 que atingiu o Haiti na manhã de sábado causou mortes e danos a propriedades no oeste do país, revivendo memórias terríveis do grave terremoto de 2010. As autoridades de Defesa Civil do país já confirmaram 304 mortes e mais de 1.800 feridos.

O terremoto ocorreu por volta das 8h30 (9h30 no horário de Brasília), a 12 km da cidade de São Luís do Sul, localizada a 160 km da capital haitiana, Porto Príncipe, segundo dados do Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS).

Um alerta de tsunami foi emitido logo depois pela Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, antes de ser rapidamente retirado. Mais cedo, o primeiro-ministro Ariel Henry disse que ‘várias vidas foram perdidas” e prestou condolências.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o envio de ajuda “imediata” ao Haiti. A diplomata americana Samantha Power é quem vai liderar os esforços.

“Autorizei uma resposta imediata dos Estados Unidos e nomeei a Administradora da USAID, Samantha Power, como a autoridade sênior dos Estados Unidos para coordenar esse esforço”, divulgou o presidente em comunicado.

Tragéda e dor

Nas redes sociais, vídeos gravados por moradores mostravam prédios residenciais derrubados e pessoas correndo em meio a escombros e gritando. Os principais danos teriam ocorrido nas cidades de Jérémie e Les Cayes. Há imagens de edifícios religiosos, casas e escolas que teriam sido afetados.

O primeiro-ministro da Haiti, Ariel Henry, decretou estado de emergência com duração prevista para um mês. Em rede social, o premiê, que tomou posse há menos de um mês, prestou solidariedade. “Apresento minhas condolências aos parentes das vítimas do violento terremoto que ocasionou muitas perdas em vidas humanas e materiais em vários departamentos do país”, escreveu.

O senador Gabriel Fortuné, ex-prefeito de Cayes, foi encontrado morto, soterrado pelos escombros de um hotel na cidade onde participava de uma reunião. A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA chegou a emitir um alerta de tsunami na costa do Haiti, que logo foi cancelado.

“Eu estava fazendo exercícios pela manhã, quanto perdi o pé e caí no chão. Olhei para o teto e vi o lustre balançando”, disse à Akim Kikonda, líder da ONG Catholic Relief Services, que está em Porto Príncipe.

Segundo informações de sua equipe, que está em Les Cayes e em Jérémie, vários edifícios vieram abaixo, principalmente moradias, mas também uma igreja e estabelecimentos do governo. Os hospitais estão lotados e tendo de recusar pacientes por não poderem dar atendimento a todos.

As ambulâncias e outros veículos com doações enviadas por várias ONGs, por sua vez, não conseguem chegar à região, porque a principal estrada que liga Les Cayes a Porto Príncipe sofreu um deslizamento por conta do terremoto e está bloqueada. “Nosso desafio agora é como chegar lá com os elementos que essas pessoas precisam: alimento, água, remédios”, afirmou Kikonda.

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, disse no Twitter que está acompanhando “a mais recente tragédia em curso no Haiti”. “Envio meus sentimentos a todos os afetados pelo terremoto. Minhas profundas condolências a todos que perderam familiares e amigos. A ONU está trabalhando para apoiar os esforços de resgate e assistência”, afirmou.

Em rede social, o presidente da República Dominicana, Luis Abinader, expressou “consternação” pelo terremoto no país vizinho. “Instruí ao ministro das Relações Exteriores que se comunique com o primeiro-ministro haitiano para facilitar qualquer ajuda dentro das nossas possibilidades”, escreveu.

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