sábado, 27 julho 2024

Auxílio emergencial fortalece informais e ajuda até em reformas

Destino de R$ 1 em cada R$ 3 do auxílio emergencial, o Nordeste recebeu R$ 51,6 bilhões com o benefício pago pelo governo para diminuir os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19. 

Além de garantir uma renda mínima para famílias que ficaram sem emprego ou sem a possibilidade de trabalhar, o auxílio movimentou a economia de pequenas cidades e das periferias dos centros urbanos. 

Em muitos casos, o dinheiro serviu como capital de giro para negócios informais ou foi investido na compra de eletrodomésticos e na realização de pequenas reformas nas casas. 

Só na Bahia, o auxílio injetou R$ 13,4 bilhões, valor que deve chegar a R$ 20 milhões após o pagamento das cinco parcelas. Ao todo, 5,7 milhões de pessoas recebem o benefício na Bahia, cerca de 39% da população. 

Segundo projeção da SEI, órgão de pesquisas econômicas e sociais da Bahia, o auxílio injetará na economia local o correspondente a 6,7% do do PIB do estado em 2019. 

“É um número assustadoramente alto. O auxílio vai injetar na economia da Bahia o equivalente a toda a riqueza produzida pela agropecuária do estado”, afirma o economista Gustavo Pessoti, diretor de indicadores e estatísticas da SEI. 

Em Salvador, onde 32% da população recebe o benefício, o auxílio movimentou comércio e lojas de material de construção. Famílias que planejavam pequenas obras viram no benefício a oportunidade de rebocar parede, trocar porta ou fazer um puxadinho na casa. 

Moradora do Rio Sena, bairro do subúrbio ferroviário de Salvador, Daiane Bonfim, 31, gastou R$ 900 do auxílio em material de construção para reformar sua casa. 

Antes da pandemia, Daiane trabalhava informalmente como cuidadora, serviço pelo qual ganhava R$ 280 por mês. Seu marido, ajudante de pedreiro, também está desempregado e tinha renda incerta. 

A renda familiar do casal não chegava nem perto dos R$ 1.200 recebidos. “Para falar a verdade, nunca peguei em tanto dinheiro na vida”. 

O cenário se replica em outras capitais do Nordeste. Em Pernambuco, o auxílio resultou numa injeção de R$ 8,6 bilhões na economia. 

Moradora do bairro de Casa Amarela, no Recife, Sônia Maria Alves, 60, sobrevive vendendo galetos no meio da rua. Com a pandemia, os clientes sumiram. 

Só no início de junho conseguiu se livrar das burocracias e sacar os R$ 600. Usou parte da grana para retomar o comércio informal. 

Por João Pedro Pitombo

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