quinta-feira, 18 abril 2024

BC mantém Selic a 2% em meio a inflação

Mesmo com o prolongamento da pressão inflacionária, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano nesta quarta-feira (20). A decisão veio em linha com as expectativas de mercado -todos os economistas consultados pela Bloomberg projetavam a manutenção da taxa.
Esta é a quarta reunião seguida em que não há alteração na Selic, após um longo ciclo de queda iniciado em julho de 2019. Em meio à aceleração da alta dos preços, especialmente de combustíveis e alimentos, a avaliação do BC nas reuniões passadas foi a de que este é um movimento temporário.
A autoridade monetária tem afirmado também que, por causa da pandemia do novo coronavírus, a economia pede estímulo elevado, o que justifica a manutenção da taxa, que é a menor da história do Copom. Na última decisão, em dezembro, o Copom anunciou que abandonaria em breve o compromisso de não subir juros.
Esse compromisso é um instrumento secundário de política monetária, chamado de “forward guidance”, ou prescrição futura. Nele, o BC garante não subir juros a menos que as expectativas de inflação sejam elevadas acima da meta ou que o regime fiscal seja alterado.
Como o comitê avalia que a taxa Selic está próxima do seu limite mínimo, recorreram ao recurso para tentar diminuir a especulação em torno da taxa básica de juros futura e aumentar o estímulo à economia sem cortar ainda mais os juros.
Na ata da reunião anterior, o BC esclareceu que retirar o instrumento não significa uma alta automática nos juros. Ou seja, mesmo sem o “forward guidance”, o comitê pode decidir manter a taxa com base na análise da conjuntura.
O controle da inflação é a principal atribuição da autoridade monetária. Para isso, o BC define a meta da taxa básica de juros.
Quando a inflação está alta, o Copom sobe os juros com o objetivo de reduzir o estímulo na atividade econômica, o que diminui o consumo e equilibra os preços. Caso contrário, o BC pode reduzir juros para estimular a economia.
A inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), fechou 2020 em 4,52%, acima da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 4%, mas dentro da tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
Até setembro, as expectativas giravam em torno de 2%, com o efeito deflacionário (redução de preços) da crise e da queda na atividade econômica. As estimativas se elevaram com a alta nos preços de alimentos e combustíveis. Desde então, o BC afirma que o movimento é temporário.
Segundo o relatório Focus desta semana, no qual o BC divulga as projeções do mercado, os economistas subiram mais as expectativas de inflação para 2021, que ficaram em 3,43%. Há um mês, a estimativa era de 3,37%. A meta para o ano é de 3,75%, com tolerância 1,5 ponto percentual.
Antes da pandemia, em fevereiro, a autoridade monetária havia indicado que a taxa ficaria em 4,25% ao ano nas reuniões seguintes, depois de cinco reduções seguidas.
O BC retomou o ciclo de queda da Selic com a deterioração do cenário econômico. Até agosto, os juros caíram em todas as reuniões, mas o ciclo de queda foi interrompido em setembro.
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