sexta-feira, 1 dezembro 2023

Bolsonaro chega a Los Angeles e é recebido por ‘vovós poderosas de Las Vegas’

Presidente brasileiro cumprimenta grupo de apoiadoras antes de se encontrar com Biden em reunião bilateral 

Grupo de apoiadoras do presidente Jair Bolsonaro, intitulado ‘Vovós Poderosas de Las Vegas’, aguarda chegada do líder brasileiro a hotel em Las Vegas (Foto: Reprodução / Rafael Balago)

Um grupo de seis mulheres loiras, com mais de 60 anos de idade, esperava a chegada do presidente Jair Bolsonaro a Los Angeles, onde ele participará da Cúpula das Américas. Na esquina do hotel em que o líder brasileiro se hospedará, elas gritavam “mito” e “Bolsonaro, cadê você? Eu vim aqui só para te ver”.

Elas pertencem a um grupo chamado Bolsonaro – Vovós Poderosas de Las Vegas, formado por 12 integrantes. Metade não pode vir, mas a parte restante dirigiu até a Califórnia só para ver o presidente.

O coletivo foi criado na época da eleição de 2018 e realizou vários atos em favor do então candidato, conta Suzana Fortes, 66, uma das integrantes do grupo e há 35 anos nos EUA. “Rezamos todos os dias para que o presidente possa dar conta de seus desafios. Torcemos muito por ele.”

A aposentada dizia esperar ver o presidente pessoalmente pela primeira vez. Conseguiu. Bolsonaro pousou em Los Angeles às 8h30, no horário local (12h30 em Brasília). Ao descer do avião, ele saudou o embaixador do Brasil nos EUA, Nestor Forster, e outras autoridades. Na sequência, às 9h20, ao chegar ao hotel, dirigiu-se ao grupo e cumprimentou as mulheres –ele deixou o local sem falar com a imprensa.

Em meio à emoção, elas se esqueceram de tirar foto com o presidente. “Apertei a mão do meu capitão. É muita emoção”, disse Suzana. “As atitudes dele, a honestidade… Admiro muito a personalidade dele. As coisas vão dar certo no Brasil, mas um mandato só não é suficiente”, disse Estela Cajueiro, 72. Ela diz, sem apresentar evidências, que a reeleição está garantida e que as pesquisas eleitorais são uma fraude.

O líder brasileiro viajou para participar da Cúpula das Américas, principal encontro de chefes de Estado do continente. À margem do evento, ele terá a primeira reunião bilateral com o presidente dos EUA, Joe Biden.

A comitiva brasileira inclui Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, os ministros Carlos França (Relações Exteriores), Anderson Torres (Justiça), Marcelo Queiroga (Saúde) e Joaquim Leite (Meio Ambiente), além da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Fábio Faria, titular da pasta das Comunicações, também viria, mas desistiu após apresentar sintomas de Covid-19.

Biden aceitou se reunir com Bolsonaro como forma de convencê-lo a participar da cúpula, evento abalado pela ausência de peso do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. Ao todo, oito chefes de Estado do continente decidiram boicotar o encontro, em resposta à decisão da Casa Branca de não convidar os governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela, consideradas ditaduras por Washington.

A conversa entre os dois presidentes, marcada para as 15h30 (19h30 em Brasília), deverá tratar de temas como proteção da Amazônia e a realização de eleições justas e transparentes, assuntos que o líder brasileiro queria evitar. Ele chegou a vetar os assuntos como condição para viajar aos EUA.

Na véspera do encontro, no entanto, Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, disse que a reunião não terá temas proibidos e que a pauta climática será “um tema importante da conversa” para avançar “na relação entre Brasil e EUA, especialmente em ações tangíveis para proteger a Amazônia”. Além disso, o tema das “eleições livres, transparentes e democráticas” também deverá ser abordado.

Na abertura oficial da Cúpula das Américas, nesta quarta, Biden ressaltou a importância de defender a democracia e os direitos humanos. “Em um momento em que a democracia está sob ataque no mundo todo, vamos nos unir de novo e renovar nossa convicção de que a democracia não é só o fator definidor da história americana, é um ingrediente essencial do futuro das Américas”, afirmou o democrata.

Do lado brasileiro, há a expectativa de que a reunião sirva para avançar algumas pautas de interesse brasileiro, como a retirada de barreiras à importação do aço. Da mesma forma, haveria avanços em prioridades americanas, como o reforço no combate a redes de tráfico de pessoas e de imigração ilegal.

O democrata, entretanto, tem sofrido pressão de ativistas e de políticos de seu partido para cobrar Bolsonaro. O pleito ganhou força após o desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira enquanto produziam uma reportagem na Amazônia. O governo Bolsonaro reduziu instrumentos de fiscalização e foi acusado de aparelhamento de órgãos como o Ibama e a Funai, o que, de acordo com opositores, piorou as condições de segurança na região.

Na noite desta quinta, Biden oferecerá um jantar aos líderes estrangeiros que vieram para a cúpula.

Bolsonaro deve discursar em uma das plenárias na sexta (10). O presidente brasileiro fica em Los Angeles até sexta. Em seguida, viaja para Orlando, onde inaugurará um vice-consulado do Brasil na cidade. 

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