O presidente Jair Bolsonaro ironizou o aumento de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, resultado que representa o terceiro ano seguido de crescimento fraco da economia brasileira. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (4) pelo IBGE.
Na entrada do Palácio da Alvorada, onde cumprimentou um grupo de apoiadores, ele foi perguntado pelos jornalistas sobre o PIB.
O presidente não quis comentar e pediu para que um humorista, que o acompanhava na porta da residência oficial, respondesse aos veículos de imprensa.
“PIB? PIB? O que que é PIB? Pergunta o que que é PIB”, disse Bolsonaro ao comediante Márvio Lúcio dos Santos Lourenço, da TV Record.
Os jornalistas presentes insistiram na pergunta, mas o presidente se negou a responder e, minutos depois, deixou o local.
Em 2017 e em 2018, a primeira divulgação do PIB mostrou expansão de 1,1%. Posteriormente, os dados foram revisados para 1,3%. Em 2015 e 2016, houve queda no PIB.
No fim de 2019, economistas previam PIB de 1,17% segundo o Boletim Focus, mas essa projeção havia caído levemente para 1,12% no relatório mais recente. Mas, no início da gestão Bolsonaro, a projeção do mercado era de uma alta de 2,55%.
Integrantes da equipe econômica chegaram a trabalhar com a perspectiva de crescimento de 3% em 2019, considerando o andamento das reformas, em particular o avanço da reforma da Previdência. Mas recentemente também reduziu a projeção, ficando em linha com o mercado.
Conforme o jornal Folha de S.Paulo mostrou recentemente, diante de um pessimismo com a redução da projeção do PIB, o presidente reforçou a Guedes a necessidade de que, neste ano, a atividade econômica cresça, no mínimo, 2%.
Como resposta, o ministro afirmou que será possível atingir, ou até superar, o percentual. No entanto, a resposta não tranquilizou o presidente.
Nesta quarta-feira, o presidente ofereceu a estrutura oficial da Presidência da República para que o humorista fizesse uma performance na entrada da residência oficial, com ofensas aos jornalistas presentes.
O comediante desceu de um carro que acompanhava a comitiva presidencial fantasiado de Bolsonaro.
Com um cacho de bananas, ele ofereceu a fruta para os profissionais da imprensa. Diante do gesto, os jornalistas presentes se retiraram da encenação.
A atitude foi uma referência ao fato de o presidente ter cruzado os braços com as mãos fechadas, dando uma banana para os jornalistas, no mês passado, quando se irritou com a cobertura da imprensa.
A performance foi transmitida ao vivo pela Presidência da República, nas redes sociais do presidente. O chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação), Fabio Wajngarten, estava junto com o humorista no carro da comitiva. Ele riu da performance.
Em fevereiro, a Polícia Federal abriu inquérito contra Wajngarten para investigar supostas práticas de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos por agente público) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública).
Em janeiro, a Folha de S.Paulo noticiou que Wajngarten é sócio de uma empresa, a FW Comunicação, que recebe dinheiro de emissoras de televisão, entre elas a Record, que são contratadas pela própria Secom.
Um levantamento promovido pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) apontou que, no ano passado, o presidente foi o responsável por 121 dos 208 ataques contra veículos de comunicação e jornalistas compilados no Brasil.
Ainda segundo a entidade dos jornalistas, o Brasil registrou em 2019 um aumento de 54% nesse tipo de ataque físico ou moral contra profissionais ou veículos de comunicação na comparação com 2018, quando foram anotados 135 casos.