O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a participar neste domingo (17) de uma manifestação em apoio ao seu governo, com aglomeração em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Junto de vários ministros do governo e de dois de seus filhos, o deputado Eduardo e o vereador Carlos, Bolsonaro transmitiu o ato em diversos vídeos em suas redes sociais, disse que o governo federal “tem dado todo o apoio” para atender doentes da Covid-19 e que o país sairá mais forte após essa pandemia.
Antes da chegada de Bolsonaro ao protesto, seguranças da Presidência pediram aos manifestantes a retirada de faixas contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal). Uma delas chamava os dois órgãos de “sabotadores” e pedia uma nova Constituição. Houve também carreatas, com centenas de caminhões, pelas ruas de Brasília.
“Manifestação pura da democracia. Estou muito honrado com isso. O governo federal tem dado todo o apoio para atender as pessoas que contraíram o vírus e esperamos brevemente ficar livre dessa questão, para o bem de todos nós. O Brasil, tenho certeza, certeza, voltará mais forte”, declarou Bolsonaro.
Num aceno ao Congresso, alvo de ataques em atos anteriores, Bolsonaro falou em proporcionar “dias melhores para a nossa população, em especial pelos poderes Legislativo e Executivo”.
“Queremos fazer um Brasil melhor para todos, agradeço a esse povo maravilhoso que está aqui, ao qual devo lealdade absoluta. É aquele que deve ditar as nossas normas e nosso norte. É o que precisamos: política ao lado do povo, tendo o povo como patrão”, afirmou o presidente.
Usando máscara, ele saiu na rampa do Planalto para saudar os manifestantes. Estavam com Bolsonaro os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Tereza Cristina (Agricultura), Onyx Lorenzoni (Cidadania), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União), André Mendonça (Justiça) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), todos também de máscara.
Bolsonaro baixou a máscara para falar em um momento, pegou bebês no colo e levantou as mãos de ministros, descumprindo recomendações de distanciamento social.
Em vários momentos da manifestação, os participantes entoavam música exaltando a cloroquina, medicamento que o presidente defende como panaceia na pandemia, mas sem comprovação de eficácia contra a Covid-19.
Antes de descer para cumprimentar o público, ele declarou que, desta vez, não há “nenhuma faixa, nenhuma bandeira que atente contra a Constituição, contra o Estado Democrático de Direito”. Protestos anteriores, investigados pela PGR (Procuradoria-Geral da República), tinham pleitos antidemocráticos, como um golpe militar.
“O que nós queremos é resgatar os valores que formam a nossa nacionalidade, respeitar a família”, afirmou o presidente.
Antes da chegada de Bolsonaro ao ato, porém, seguranças do Planalto pediram a manifestantes a retirada de faixas contra o Congresso e o STF. A ação foi coordenada pelo general Luiz Fernando Baganha, secretário de segurança e coordenação presidencial do Planalto. Barganha, pessoalmente, pediu a um grupo de apoiadores afastar uma manifestante mais exaltada.
A reportagem presenciou Barganha orientando os seguranças sobre a maneira da abordagem. “Cheguem com calma. Peçam a retirada. Expliquem que uma conversa prejudicial ao presidente. Ele está muito preocupado com esse tipo de mensagem”, afirmou Baganha a seus auxiliares.
Os seguranças abordaram um grupo autointulado “Paraquedistas de Bolsonaro” que estava no local fazendo formação militares. Eles pediram que qualquer tipo de material potencialmente lesivo fosse retirado. Os militantes, uniformizados com camisas pretas e boina vermelhas, carregavam estiletes, canivetes e sprays de pimenta.
O presidente levanta o braço do general Heleno durante manifestação deste domingo em Brasília
Reportagem: Folhapress