Três dias antes da Cúpula do Clima e cinco dias depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pedir “ajuda possível” da comunidade internacional, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse que o Brasil não pode se comportar como mendigo.
“A gente não tem que ser mendigo nisso aí, né, vamos colocar a coisa muito clara”, afirmou Mourão a jornalistas nesta segunda-feira (19).
Na semana passada, o Palácio do Planalto tornou pública uma carta enviada por Bolsonaro ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O presidente brasileiro manteve o pedido por ajuda internacional para alcançar metas de redução da emissão de carbono na atmosfera, mas recuou do discurso -encampado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles- de que os países precisam entregar os recursos antes de qualquer comprometimento do Brasil.
“Ao sublinhar a ambição das metas que assumimos, vejo-me na contingência de salientar, uma vez mais, a necessidade de obter o adequado apoio da comunidade internacional, na escala, volume e velocidade compatíveis com a magnitude e a urgência dos desafios a serem enfrentados”, escreveu Bolsonaro. “Inspira-nos a crença de que o Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta.”
O vice-presidente, por sua vez, reconheceu que o Brasil tem responsabilidades, mas lembrou que o país representa um percentual pequeno nas emissões mundiais.
“Vamos colocar a coisa muito clara: temos as nossas responsabilidades. O Brasil é responsável só por 3% das emissões no mundo. Desses 3%, 40% é o desmatamento, ou seja, 1,2% do que se emite no mundo é responsabilidade do desmatamento nosso aqui. Tem que fazer nossa parte, dentro do Acordo de Paris”, afirmou Mourão.
“Não queimamos petróleo e carvão com os outros países queimam, ou seja, temos uma matriz energética que é limpa, renovável. Então, a gente tem um lugar certo na mesa de conversa sobre mudança do clima”, prosseguiu o vice-presidente brasileiro.
Mourão mencionou ainda o Fundo Amazônia, parado desde 2019, colocando-o à disposição para receber o financiamento que o governo brasileiro almeja.
“Se quiserem trazer recursos, o Fundo Amazônia admite todo e qualquer tipo de doação para ele. Ele já está aberto para isso, não é só os países que foram doadores iniciais. Entes privados, ou outros entes públicos, outros países podem aderir a ele”, disse Mourão.
Em 9 de abril, o novo chanceler, Carlos França, realizou uma videoconferência com os chefes das missões diplomáticas em Brasília de Alemanha, Reino Unido, Noruega, EUA e União Europeia e recebeu a seguinte mensagem: o apoio financeiro de países ricos para que o Brasil preserve a Amazônia só será liberado após o governo Bolsonaro mostrar resultados efetivos no combate ao desmatamento.