A Igreja Católica vive desde a última quarta-feira (14) o tempo da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa e remete ao tempo em que Jesus Cristo ficou no deserto, segundo a bíblia, para se abster diante das tentações.
Nesse tempo mais silencioso para a Igreja, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), tem a tradição de promover a Campanha da Fraternidade, uma ação de evangelização que sempre traz um tema e um lema, que são abordados com o objetivo de ensinar e instruir os fiéis sobre algum assunto. Neste ano, o tema é “Fraternidade e Amizade Social”, com o lema sendo o versículo bíblico “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mateus 23,8).
Padre Kleber Danelon, pároco na Paróquia Imaculada Conceição, em Santa Bárbara d’Oeste, explica que o tema deste ano é inspirado no documento Fratelli Tutti (Todos Irmãos), elaborado pelo Papa Francisco.
“Quando a Campanha foi pensada, estávamos em um momento muito tenso de polarização, com reflexos muito fortes dentro da Igreja. De modo, que, com o tema, busquemos mais essa fraternidade e nos identifiquemos como irmãos, não o outro como adversário”, explicou o sacerdote.
Através do manual da Campanha, são realizadas diversas atividades focadas na temática. A igreja sedia momentos de reflexão, oração e estudos; também são realizados grupos bíblicos; e o ponto alto é o gesto concreto, que compreende a ação individual ou em grupo de como os fiéis querem exercer na prática os aprendizados.
“Um dos gestos é a coleta que acontece em nível nacional, no Domingo de Ramos, onde todo o Brasil colabora com instituições que tenham essa finalidade, de formação de fraternidade”, exemplificou o Padre.
HISTÓRIA
A primeira Campanha da Fraternidade aconteceu na Quaresma de 1962, em Nísia Floresta, na Arquidiocese de Natal (RN), por iniciativa de dom Eugênio de Araújo Sales. Ela surgiu como expressão da caridade e da solidariedade em favor da dignidade.
Em 1963, a Campanha aconteceu em 16 dioceses do Nordeste. No mesmo ano, som Helder Câmara, então secretário-geral da CNBB, propôs que a ação se estendesse por todo país.
Então, em 1964, os bispos brasileiros aprovaram o texto que fundamentava o propósito e a campanha teve sua primeira edição nacional.
O padre Kleber Danelon enfatiza que ter iniciado a Campanha da Fraternidade na época do Regime Militar foi um grande desafio. “A Igreja, então, anunciou esta voz de olhar para a sociedade, especialmente os mais pobres”, explicou.
