quarta-feira, 24 abril 2024

Carlos Bolsonaro teve 8 funcionários com empregos incompatíveis, diz MP

Servidores mantinham simultaneamente ocupações que impediam trabalho como assessor 

Carlos Bolsonaro é vereador no Rio de Janeiro e suspeito de ficar com parte dos salário dos assessores – Reprodução

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) teve oito funcionários que mantinham simultaneamente ocupações consideradas incompatíveis com o trabalho de assessor na Câmara de Vereadores. A conclusão é do Ministério Público do Rio de Janeiro e foi revelada pelo jornal O Globo.

A conclusão do MP foi encaminhada à 1ª Vara Criminal Especializada do Rio e faz parte da investigação que apura a suposta nomeação de funcionários fantasmas e a prática de “rachadinha” no gabinete do filho 02 do presidente.

Segundo a reportagem, o MP-RJ descobriu no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho que parte dos assessores de Carlos tinham vínculos empregatícios formais enquanto estavam nomeados como assessores parlamentares — alguns desses eram parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O relatório diz haver sinais que “diversos assessores (…) não cumpriam o regular expediente na casa, podendo assim ser considerados ‘funcionários fantasmas'”, e que é possível que “a remuneração de seus cargos fosse desviada pelo agente público”.

À reportagem do Globo, a defesa de Carlos disse que o processo corre sob sigilo e que não irá comentar. A reportagem entrou em contato com o advogado do vereador, mas não obteve resposta.

O MP-RJ respondeu que o processo corre sob sigilo e que não pode prestar informações a respeito.

Anatomia da rachadinha

Em março, o site UOL publicou a série de reportagens “Anatomia da rachadinha” depois de analisar 607.552 operações bancárias de 100 pessoas e empresas investigadas por envolvimento no esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando ele exerceu o cargo de deputado estadual na Alerj.

As operações bancárias eram resultantes da quebra de sigilo bancário decretada pela Justiça do Rio. A decisão foi posteriormente anulada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).

As transações mostraram que o então deputado federal Jair Bolsonaro empregou em seu gabinete por oito anos Andrea Siqueira Valle, a irmã de Ana Cristina Siqueira Valle. Um ano e dois meses depois que a irmã deixou de trabalhar para Jair, Ana Cristina ficou com todo o dinheiro acumulado da conta em que Andrea aparecia como titular e recebia o salário: saldo de R$ 54 mil — quantia equivalente a R$ 110 mil, em valores de hoje.

Outras reportagens revelaram ainda que assessores de Carlos Bolsonaro na Câmara Municipal do Rio e de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados sacaram a maior partes dos salários que receberam, um indício da prática de rachadinha.

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