sexta-feira, 26 abril 2024

China aumenta tensão e dispara mísseis na maior ação militar contra Taiwan

Exercícios das Forças Armadas chinesas na região são retaliação à visita de Nancy Pelosi à ilha nesta semana 

AÇÃO | Mísseis balísticos são disparados pela China em direção a Taiwan nesta quinta (Foto: Reprodução)

A China disparou 16 mísseis balísticos em direção a Taiwan nesta quinta (4), iniciando os exercícios militares em retaliação pela visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha que Pequim clama para si. As armas eram mísseis de curto alcance DF-15, a julgar por vídeos distribuídos pela imprensa chinesa, disparados de locais não revelados. Um mapa divulgado pelo Exército de Libertação Popular mostra que eles sobrevoaram Taiwan, algo que só havia ocorrido uma vez, em 1996, e caíram nas águas a leste da ilha.

Seja como for, com 600 km de alcance e capacidade de levar uma ogiva nuclear, eles poderiam fazer ambas as coisas: são armas que seriam usadas em um primeiro ataque a Taiwan. Como Taipé disse, os exercícios são desenhados para mostrar como seria feito um bloqueio aeronaval da ilha, já que Pequim divulgou seis áreas de manobras em torno do território.

Segundo o ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, “aparentemente cinco mísseis” caíram em águas da Zona Econômica Exclusiva do país, junto à região. Ele diz ter feito um protesto a Pequim e que o incidente seria o primeiro do gênero, adicionando tensão à situação: o governo em Tóquio vem aumentando a retórica belicista contra a rival China.

Também foram disparados, de outros pontos como a ilha Pingtan (130 km de Taiwan), foguetes de artilharia de longo alcance. Helicópteros militares foram vistos no local e há relatos de que navios de guerra chineses já estão posicionados ao largo da costa oeste de Taiwan, do outro lado da ilha.

Segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, os projéteis foram lançados em ondas sucessivas por duas horas, a partir de aproximadamente 14h (3h no Brasil). A pasta chamou isso de “ação irracional”, exatamente o mesmo termo usado pelo chanceler chinês, Wang Yi, para qualificar a visita de Pelosi durante discurso em encontro com colegas do Sudeste Asiático em Cambodja.

A China diz que os mísseis e foguetes estavam equipados com ogivas convencionais, tornando esse o maior exercício de tiro com munição real no estreito de Taiwan na sua história.

Em entrevista à rede NBC, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, afirmou que seu país acompanha a movimentação “bem de perto”. “É preocupante”, disse. 

Já o secretário de Estado, Antony Blinken, disse em reunião com colegas asiáticos no Cambodja “esperar muito que Pequim não fabrique uma crise ou busque uma desculpa para aumentar sua ação militar agressiva”.

A tática de atingir alvos no mar ou sobrevoar o território inimigo com mísseis é velha conhecida na região, sendo aplicada nos testes da Coreia do Norte sobre o Japão, por exemplo. É bastante intimidatório, mas não houve relatos de pânico em Taiwan, que já está em alerta militar máximo desde que Pelosi desembarcou na ilha, na terça (3) à noite. 

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