sábado, 23 novembro 2024

Cocaína no avião da FAB: militar brasileiro é condenado na Espanha

O sargento da Aeronáutica brasileira detido em junho de 2019 no aeroporto de Sevilha, na Espanha, com 39 kg de cocaína na mala foi condenado nesta segunda-feira (24) a cumprir seis anos de prisão e a pagar multa de 2 milhões de Euros (R$ 9,5 milhões). 

Manoel da Silva Rodrigues, 38, conseguiu reduzir a pena após fechar acordo com a Promotoria espanhola, que, inicialmente, havia pedido à Justiça local que o militar cumprisse oito anos de detenção e pagasse o dobro da multa agora imposta. 

Na ocasião de sua prisão preventiva, o sargento embarcou com os entorpecentes em um voo oficial da FAB (Força Aérea Brasileira) em apoio à comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que viajava a Osaka, no Japão, e foi flagrado pelo raio-x do aeroporto espanhol durante escala na Europa. 

A cocaína, 80% pura e avaliada em 1,4 milhão de Euros, foi interceptada num controle feito à bagagem do militar, de 39 anos, que pertencia a uma equipe avançada da comitiva que acompanhava o presidente. Na época, a detenção levou o governo brasileiro a mudar a escala do avião do presidente, que deveria ser feita também em Sevilha, para Lisboa. 

Ainda no dia do flagrante, Bolsonaro disse considerar “inaceitável” o episódio envolvendo o sargento. Já a FAB anunciou o reforço das medidas de controle para prevenir este tipo de ilícito. 

ARREPENDIDO 

Durante o julgamento, o sargento admitiu que levava a cocaína na bagagem e que a droga lhe tinha sido entregue no Brasil. “A pessoa que me entregou disse-me que o seu destino era a Suíça e que eu deveria introduzi-la na Europa”, explicou o militar, acrescentando que tinha por missão ir a um centro comercial “por volta das três ou quatro horas da tarde”, no dia 25 de junho de 2019, para entregar a cocaína a outro homem que ele não conhecia. “Eu tinha de ir com roupa camuflada e uma camisa verde, e a outra pessoa iria identificar-me através de uma fotografia”, afirmou. Não foi informado o valor que ele receberia pelo serviço. 

Foto da Polícia espanhola após apreensão (Foto:Reprodução)

Segundo o militar, que também é alvo de um processo de expulsão por parte do Exército brasileiro, foi “a primeira e única vez na vida” que “fez de forma equivocada uma coisa dessas”. 

“Estou profundamente arrependido. Peço ao Estado e ao povo espanhol que me perdoem por trazer isso para o seu país”, disse o militar, que depois de cumprir a pena pretende voltar ao Brasil. 

MORO 

Em Fortaleza, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, defendeu a Força Aérea Brasileira e disse que o militar também deve ser julgado e punido pela Justiça do Brasil. “A minha Força Aérea, desde a Segunda Guerra Mundial, vem prestando serviços para o Brasil inestimáveis. Eu estava presente ontem, em Anápolis, na liberação da quarentena dos brasileiros. Emocionante ontem. (..) Ali é o resultado do trabalho sério da minha Força Aérea. O que aconteceu com esse militar foi um fato isolado, que jamais vai fazer sombra à atuação da Força Aérea. Ele deve ser julgado e punido tanto na Espanha, como aqui”, afirmou. 

 
Com Agência Brasil

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