O consumo de energia no país voltou aos níveis pré-pandemia, principalmente impulsionado pelos setores da indústria voltados à exportação. O dado faz parte dos resultados da Eletrobras, referentes ao terceiro trimestre do ano, que apontam lucro líquido de R$ 96 milhões, inferior aos R$ 716 milhões do mesmo período do ano passado.
A apresentação dos números foi feita em teleconferência realizada nesta quinta-feira (12), aos acionistas da estatal, pelo presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior. Segundo ele, a economia brasileira vinha em um processo de retomada do crescimento, mas sofreu uma parada brusca por conta da pandemia, a partir de março. Quanto maior a atividade econômica, maior o consumo de energia.
“Há duas razões para o processo de retomada. A primeira delas é, de fato, a economia. O ponto mais baixo [no consumo de energia] foi em maio, com redução de 26%, e nós já estamos com 4% operando acima. Isto significa um retorno importante das atividades. O Brasil vinha em uma perspectiva de crescimento, vinha ganhando velocidade, e teve uma brecada forte. Agora está tendo uma saída forte, com responsabilidade”, disse o presidente da estatal.
Em maio, o consumo médio nacional chegou a 55.272 megawatts (MW), subindo ao patamar de 65.984 MW em outubro. Segundo ele, o setor que apresenta maior atividade é o exportador, impulsionado pelo câmbio favorável. Ao mesmo tempo, o comércio e os serviços ainda estão abaixo do potencial.
“Temos um benefício, com a variação do câmbio, das indústrias exportadoras, que ficaram mais competitivas, incluindo o agronegócio e as commodities. Mas ainda estamos bastante afetados no tema de comércio e serviços, que estão com muitas dificuldades, como os setores hoteleiro, de alimentação, de aviação”, assinalou Ferreira Júnior.
Ele lembrou também que o tempo quente em boa parte do país, este ano afetado pelo fenômeno La Niña, é favorável ao uso intensivo de sistemas de ar-condicionado: “Estamos vivendo um momento muito quente e a temperatura impacta no consumo em instalações residenciais e comerciais. Até por conta do home-office, estamos com um consumo maior no residencial”.
AMAPÁ
Após a conferência com os investidores, o presidente da Eletrobras conversou com a imprensa. Ele foi questionado se o incêndio no transformador no Amapá, de uma empresa privada, pode impactar na privatização da estatal.
“Esse evento no Amapá foi infeliz e dramático para a população, mas que não é comum de acontecer. Foi um evento extraordinário. Não temos condições de saber, porque ainda está sendo apurado, até para responsabilizar ou atribuir culpa. É muito precipitado qualquer tipo de julgamento a dez dias do evento. A Eletrobras continua um ativo importante a ser privatizado, pela contribuição que pode dar aos cofres do Estado ou pela geração de investimentos e empregos. A privatização da companhia continua sendo prioridade do governo.”