sábado, 18 maio 2024

Coronavírus: após 1º caso confirmado em SP, Brasil tem mais 20 suspeitas

O Ministério da Saúde confirmou oficialmente nesta quarta-feira (26) o primeiro caso de doença pelo novo coronavírus no Brasil. Um homem de 61 anos, que esteve na Itália entre 9 e 21 de fevereiro e mora em São Paulo, é a primeira pessoa infectada com o vírus Sars-CoV-2 no País. Assim, o Brasil passou a ser o primeiro país da América Latina com um caso confirmado do novo vírus que já matou 2.708 pessoas no mundo.

O Brasil tem agora 20 casos suspeitos: 11 em São Paulo e o restante na Paraíba, em Pernambuco, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. Em todos os casos, os pacientes chegaram da Itália nos últimos dias.

No Espírito Santo, o paciente procurou atendimento numa UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Carapina, na noite de terça (25). Além de um caso confirmado, houve 59 casos descartados.

O secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann Ferreira, afirmou que o número de pessoas sob suspeita de infecção pelo coronavírus vai aumentar, uma vez que há mais países com confirmação da doença, como Suíça e Argélia. A OMS diz que há mais casos novos de coronavírus fora da China do que no país.

O homem que teve o caso confirmado em São Paulo voltou ao Brasil na sexta (21) sem sintomas, fez uma reunião familiar no domingo (23) e na segunda (24) teve sintomas sugestivos da infecção e procurou o Hospital Israelita Albert Einstein. O resultado para o coronavírus deu positivo no hospital, e então uma amostra do paciente foi enviada ao Instituto Adolfo Lutz, que confirmou a infecção.

O paciente está em isolamento domiciliar. Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o isolamento hospitalar poderia colocar outras pessoas em risco, e sua condição clínica permitiu essa opção. A quarentena fez sentido no caso dos brasileiros que voltaram da China porque se travava de um grande grupo.

Os familiares que se encontraram com o paciente e os passageiros do avião foram contatos e estão sendo monitorados, segundo o Ministério da Saúde.

O período em que ele esteve na Itália a trabalho (de 9 a 21 de fevereiro) coincide com a explosão de casos no país europeu, quando mais de 220 pessoas foram infectadas.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta que o período de incubação do vírus, ou seja, o período que leva para os sintomas aparecerem é de até 14 dias. O mais comum é que eles surjam entre 4 e 7 dias.

 

‘É MAIS UMA GRIPE QUE VAMOS ATRAVESSAR’, DIZ MINISTRO

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o governo vai analisar agora o comportamento da doença em um país como o Brasil. “Agora é que nós vamos ver como o vírus vai se comportar em um país tropical, em pleno verão”, disse ele em entrevista à imprensa ontem de manhã. “[O caso] Aumenta nossa vigilância e os preparativos para atendimento”, afirmou.

Mandetta disse também que não há possibilidade de fechar fronteiras. “É uma gripe, mais uma gripe que vamos atravessar. E sua transmissão é similar à de gripes que a humanidade já superou”, disse Mandetta. “Com certeza vamos passar por essa situação investindo em pesquisa, ciência e clareza de informações.”

Ele afirmou ainda que a gripe causada pelo vírus H1N1 era mais grave e acometia também jovens e gestantes, enquanto o novo coronavírus tem atingido mais idosos.

Mandetta deu ainda recomendações sobre viagens para o exterior. “Vale a regra do bom senso. Se não for necessário, espera para a gente ver como isso [a epidemia] se comporta. Mas também não podemos parar a vida porque existe uma gripe, um vírus, uma síndrome respiratória. Isso vai continuar acontecendo”, disse. “Se tem sintomas, como febre e tosse, não viaje. Se viajou mesmo assim, informe as autoridades de saúde quando chegar. Se não tem sintomas e vem de áreas com casos de coronavírus e ainda não se passaram 14 dias da viagem, procure uma unidade de saúde.”

Até esta quarta, foram confirmados no mundo todo mais de 80 mil casos e 2.708 mortes em decorrência da doença.

Na Itália, foram registrados 320 casos e 12 mortes até esta quarta.

 

CORRIDA ÀS FARMÁCIAS POR ÁLCOOL GEL

Após a confirmação de um caso de um homem infectado com coronavírus em São Paulo, farmácias da capital paulista começaram a registrar ontem uma corrida por álcool gel. A aplicação nas mãos é indicada por especialistas como medida de prevenção.

Em uma farmácia na Avenida Liberdade, na região central, os frascos pequenos, de 52 gramas, já estavam esgotados na tarde desta quarta. Na Praça da Sé, apenas dois frascos estavam disponíveis por volta das 15h.

A rede Ultrafarma diz que, somente nesta semana, a procura pelo produto dobrou.

A Extrafarma diz que também teve elevação na procura pelo álcool gel.

 

VACINAS EXPERIMENTAIS VÊM POR AÍ

A empresa de biotecnologia Moderna anunciou na última segunda-feira (24) que enviou ao Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos uma vacina experimental contra o coronavírus.

O desenvolvimento ocorreu em 42 dias, um tempo recorde. Segundo a empresa, os testes iniciais da potencial vacina, chamada de mRNA-1273, poderiam começar em abril, mas todo o processo regulatório duraria pelo menos um ano.

A China também anunciou que outra vacina experimental poderá ser testada em abril. A
empresa chinesa Clover Biopharmaceuticals fez parceria com a britânica GlaxoSmithKline para testar a vacina Covid-19 S-Trimer.

EUROPA REFORÇA MEDIDAS DE PREVENÇÃO CONTRA EPIDEMIA E TENTA EVITAR PÂNICO

Com o surgimento de novos casos de coronavírus, países europeus começaram a adotar medidas de prevenção e controle, enquanto tentam evitar o pânico.

Em Roma, a comissária europeia de Saúde, Stella Kyriakides, pediu nesta quarta (26) que os 27 membros do bloco europeu fiquem alertas contra notícias falsas e reações xenófobas. Uma onda de pânico pode sobrecarregar serviços de saúde, prejudicando o tratamento dos doentes, disse o diretor da OMS (organização Mundial de Saúde) para a Europa, Hans Kluge.

Na Europa, eram 61 casos em 11 países até ontem. Os países do entorno italiano ainda descartaram fechar as fronteiras com a Itália, mas começaram a adotar restrições.

Nas linhas de trem que ligam a França ao norte da Itália, funcionários franceses irão apenas até a fronteira, onde serão substituídos por italianos. Nas principais estações, o governo francês está reforçando o estoque de máscaras e álcool para os funcionários.
Na cidade austríaca de Innsbruck, um hotel de luxo foi isolado depois de confirmada a infecção de uma recepcionista. Segundo o ministro do Interior, Karl Nehammer, não há motivo para pânico.

Na Dinamarca, galpões militares estão sendo preparados para servir como centros de quarentena.

A ECDC (agência europeia de controle de doenças) divulgou 142 medidas que hospitais devem tomar para se preparar para uma eventual epidemia.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também