Os principais investimentos foram em folha de pagamento, alimentação, repasses e tecnologia
Tornar as escolas da rede pública mais atrativas e enfrentar a resistência de professores ao plano de carreira aprovado neste ano são algumas das questões que o próximo governador de São Paulo terá de enfrentar durante sua gestão. O alto índice de alunos que deixam o ensino médio sem ter aprendido competências básicas de português e matemática também é uma defasagem a ser contornada. Soma-se a esse cenário a preocupação com a saúde mental de alunos e professores após a pandemia de Covid, que fechou escolas, impôs aulas remotas e gerou falta de convivência entre docentes e discentes. Especialistas elencaram os principais desafios da área que o próximo governador terá que enfrentar.
Qual é o orçamento atual da Secretaria de Educação do Estado de SP?
ESPECIALISTAS – R$ 42,2 bilhões, segundo previsão da dotação orçamentária de 2022. Houve alta de 51,25% desde 2016, quando foi de R$ 27,9 bilhões. No valor para 2022 estão os recursos provenientes do estado de São Paulo, da FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), os obtidos via Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e outros do governo federal para custeio de programas específicos.
O montante determinado pela lei orçamentária não é corrigido pela inflação e considera todos os recursos disponibilizados para a educação. De acordo com a secretaria estadual, o aumento no repasse de verba no período se deu em decorrência da alta da arrecadação de receita, principalmente do ICMS, no caso do Fundeb, e INSS. Os principais investimentos da pasta foram em folha de pagamento, alimentação, transporte, repasses e tecnologia.
Como está a qualidade do ensino em São Paulo?
O resultado do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), em dezembro de 2021, mostrou piora no rendimento escolar e em duas áreas avaliadas: língua portuguesa e matemática. O maior percentual de alunos com defasagem foi detectado no 3º ano do ensino médio. Os dados indicam que, dos alunos que concluíram o ensino médio na rede pública do estado em 2021, 96,6% saíram da escola sem ter aprendido como resolver uma equação de primeiro grau ou como interpretar dados estatísticos.
Ivan Gontijo, coordenador de políticas públicas da ONG Todos Pela Educação, afirma que a melhora nesse índice poderia ser alcançada com a identificação de alunos e escolas com mais dificuldades no aprendizado dessas competências; melhor formação dos professores, oferecendo a eles melhores condições de trabalho e materiais didáticos; e manutenção da constante avaliação dos docentes e dos estudantes.
“É muito importante ter um diagnóstico claro de que patamar estamos partindo. Esse diagnóstico precisa ser feito em cada sala de aula”, diz.