sexta-feira, 19 abril 2024

Doria cobra Bolsonaro por liberação de carga de vacinas da Janssen contra a Covid-19

Durante o anúncio dos números em coletiva à imprensa no Palácio dos Bandeirantes, Doria também fez duras críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que ainda não teria liberado a doação de 3 milhões de doses da Janssen feita pelos Estados Unidos 

O estado aguarda 678 mil vacinas da Janssen que estão estocadas no galpão do ministério da Saúde desde o dia 25 de junho ( Foto: Divulgação/Governo SP)

O governador João Doria (PSDB) disse, no início da tarde desta quarta-feira (30), que 53% da população adulta do estado de São Paulo receberam ao menos uma dose de uma das vacinas contra a Covid-19 disponíveis no país.

Durante o anúncio dos números em coletiva à imprensa no Palácio dos Bandeirantes, Doria também fez duras críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que ainda não teria liberado a doação de 3 milhões de doses da Janssen feita pelos Estados Unidos.

“Temos pressa e pedimos ao governo federal a imediata liberação de 678 mil vacinas da Janssen para a população do estado de São Paulo que estão estocadas no galpão do ministério da Saúde desde o dia 25 de junho”, afirmou.

A reportagem aguarda uma manifestação sobre o assunto da pasta chefiada pelo ministro Marcelo Queiroga.

O vacinômetro, ferramenta online que monitora o ritmo da imunização, mostrou no final da manhã desta quarta que pouco mais de 25 milhões de doses haviam sido aplicadas em território paulista.

As vacinas Coronavac, Pfizer, AstraZeneca e Janssen possuem autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para uso contra a Covid-19 no Brasil.

Do total aplicado, 18,7 milhões eram de primeira dose; 6,1 milhões, de segunda dose; e 170 mil correspondiam ao imunizante Janssen, que necessita de apenas uma inoculação contra o coronavírus.

Doria corre para cumprir a promessa de vacinar toda a população adulta do estado com ao menos uma dose até 15 de setembro. Feita por faixas etárias, a imunização está, no momento, concentrada entre quem tem de 40 a 42 anos -o calendário, porém, segue determinação dos municípios que podem antecipar o cronograma.

Para atingir a meta, a gestão tucana diz que precisa de mais vacinas (e isso depende do governo federal) para além da Coronavac, cuja produção tem sido feita no Instituto Butantan a partir dos embarques de doses prontas ou insumos da farmacêutica chinesa Sinovac, a detentora do imunizante.

Sem vacinas suficientes, as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) têm registrado desabastecimentos, sobretudo, para quem necessita da segunda dose.

Reportagem do jornal Agora percorreu recentemente dez UBSs em diferentes regiões da capital paulista, e apenas duas delas tinham a substância para completar o ciclo vacinal. O problema é um risco para a saúde da população porque atrasa o intervalo previsto entre a primeira e a segunda dose.

Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização, disse que para o estado vacinar toda a sua população acima de 18 anos são necessárias “mais 16 milhões de doses e uma gestão eficiente dos municípios, os responsáveis pela aplicação”.

A cobertura vacinal alcançada até o momento já apresenta efeitos positivos, segundo a cúpula do governo paulista. Houve quedas de 7,1%, no número de contaminações pelo coronavírus; 8,9%, no total de pacientes internados; e de 2,9% nos óbitos por Covid-19 na atual semana epidemiológica.

A taxa de ocupação de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) atingiu 74,8% no estado e 68,9% na Grande São Paulo -com 9.778 pessoas internadas por Covid-19; nas enfermarias são 10.419 pacientes.

Paulo Menezes, coordenador do centro de contingência contra o coronavírus, destacou que o percentual de pacientes acima de 60 anos internados por Covid nos leitos hospitalares do estado caiu de 61% para 28% entre janeiro e junho por causa da imunização “mesmo que incompleta”.

“As pessoas de 40 a 59 anos, hoje, representam mais da metade dos internados. Esse quadro deve ser revertido nas próximas semanas com o avanço da vacinação”, disse o coordenador.

Ao todo, o coronavírus já foi o responsável por 3,7 milhões de contaminações e 127.681 óbitos no estado de São Paulo.

PRODUÇÃO DE VACINA

Para Doria, apesar dos problemas detectados na gestão Bolsonaro, as tratativas com representantes da Sinovac têm funcionado e acelerado a chegada de insumos da Coronavac ao país.

Na semana passada, Doria se reuniu com Weining Meng, vice-presidente mundial da Sinovac, e pediu mais remessas da vacina. Na noite desta terça-feira (29), uma carga com um milhão de frascos monodoses de Coronavac foi desembarcada no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo).

O lote foi encaminhado ao Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, e também beneficiará a população paulista. Além desta carga, o Instituto Butantan vem trabalhando, desde o último sábado (26), no envase de 6 mil litros de IFA (ingrediente farmacêutico ativo) encaminhados pela Sinovac que serão suficientes para a produção de ao menos 10 milhões de doses de Coronavac.

A previsão do Butantan é que o processo de envase, rotulagem e de controle de qualidade dos frascos com a vacina dure entre 15 e 20 dias. Só depois disso, o imunizante será distribuído aos estados.

Com os 1 milhão de frascos monodoses prontos para aplicação e mais 10 milhões de vacinas envasadas no Butantan serão totalizados, até julho, o envio de pouco mais de 63 milhões de doses de Coronavac entregues ao ministério da Saúde.

Dimas Covas, diretor do Butantan, também diz esperar um novo parecer da Anvisa sobre a Butanvac, a vacina produzida pelo instituto, que solicitou mais dados para permitir o início dos testes clínicos da substância em humanos.

“[A Anvisa] solicitou um teste adicional. É um preciosismo”, afirmou o diretor, também presente na coletiva à imprensa, que prevê a realização da nova fase de ensaios da Butanvac ainda esta semana. 

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