sexta-feira, 26 abril 2024

Empreendedorismo cresce na pandemia

A pandemia chegou, a economia parou e o medo do desemprego assombrou os lares brasileiros. Mas, depois de dois meses de estagnação, as atividades empreendedoras voltaram a crescer, segundo análises conjunturais do Ministério da Economia e de associações de classe. E novas empresas aparecem: foram nada menos que 75 mil só no Estado de São Paulo, no mês de junho.

E hoje há dois tipos específicos de empreendedores. De um lado, há pessoas excluídas do mercado de trabalho ao longo da crise econômica, que juntaram criatividade e boa vontade para investir no próprio negócio. Do outro, há empresários que optaram por manter os investimentos, certos da retomada do lucro no pós-pós-pandemia. Neste grupo, há os que se adaptaram à crise, diversificaram os serviços, se adequaram à “nova ordem” mundial.

E a região tem bons exemplos de empreendimentos que nasceram ou cresceram na pandemia.

Em Hortolândia, por exemplo, seguem de vento em popa as obras da nova unidade do Assaí Atacadista, que deve gerar 350 novos empregos na cidade. O conglomerado poderoso, com 150 lojas instaladas pelo Brasil todo, comercializa em suas unidades cerca de sete mil itens, de marcas nacionais e estrangeiras.

A empresa aproveitou os benefícios de um programa da prefeitura de apoio às empresas, que oferece incentivos fiscais, rapidez na emissão de licenças e até intermediação na contratação de mão de obra. Apesar da pandemia, as obras do prédio, na região central, não pararam.

O setor supermercadista, aliás, lucrou com a venda de gêneros de primeira necessidade na pandemia, e seguiu investindo pesado.

O Pague Menos, por exemplo, inaugurou seu novo centro de distribuição em Santa Bárbara. Investiu em estrutura e logística, pensando em aprimorar o abastecimento de todas as lojas da rede.

Sumaré entrou na rota de investimentos da Oral Unic, clínica odontológica especializada em implantes e procedimentos de estética. Apesar da crise e da pandemia, a unidade foi inaugurada no comecinho do mês, na Avenida Rebouças.

O diretor Norton Henrique Kuhl ficonta que os investimentos foram corajosos. A estrutura de última geração -­ raio-x panorâmico digital, estúdio fotográfico e laboratório de próteses – custou cerca de R$ 1 milhão.

A empresa aposta na conquista de um nicho importante do mercado, formado por pessoas que exigem serviços de primeira, tecnológicos, avançados.

Em Americana, a personal trainer Camila Siariani fazia sucesso antes da pandemia, prestando atendimento personalizado aos clientes da Salutem, academia na Avenida Padre Osvaldo Viera de Andrade, no Terramérica. Tinha 160 alunos. Com a quarentena decretada, as aulas estavam suspensas. Mas a moça foi criativa.

Lançou na web um aplicativo com cinco níveis de treinamento físico. É como um game interativo, onde o cidadão responde a perguntas específicas e é direcionado ao treino que lhe é conveniente. Na “academia virtual”, há iniciantes e veteranos da malhação.

O aplicativo virou febre. Claro, a academia presencial vai ter de volta a clientela fiel no fim da pandemia. Mas a novidade vai continuar à disposição dos internautas. “As empresas têm de se adaptar à novas realidade do mercado”, diz.

Danielle Otelac Baciga, sumareense, trabalhava com móveis planejados, mas viu a pandemia acabar com as vendas. De repente, se viu  desesperada. cheia de contas pra pagar, e sem um centavo no bolso.  Ela, o marido Daniel e os dois filhos começavam a enfrentar uma quarentena difícil, sem expectativa.

Foi quando surgiu a ideia de vender hot dogs. Montou a lanchonete na própria cozinha de casa, e começou a anunciar a novidade nas redes sociais.  Demorou para aparecer o primeiro pedido. Deu até medo. Mas quando começou, não parou mais.

Após quatro meses, o casal teve de montar uma dogueria, a Uau Dog.  É, um lugar próprio só para a produção do lanche. A moça criou até uma plataforma no iFood e vende cerca de 60 lanches por dia. Ah, está diversificando: agora tem sanduíche de pernil, de costela…  Até os filhos e a cunhada ajudam no fogão para dar conta do serviço.

“No meio daquele pesadelo, nasceu o negócio que hoje sustenta minha casa”, diz.

Orientação é importante

O número de empresas abertas em junho mostra a inventividade do brasileiro em tempos de crise.  A opinião é de Paulo Massarutto, diretor administrativo e financeiro da Sicoob, cooperativa de crédito. Ele afirma que empreender, naturalmente, representa assumir riscos: é muito importante que o cidadão recorra a serviços de orientação profissional para aprender a administrar (como os oferecidos pelo Sebrae, por exemplo). Além de ter um talento profissional, o empreendedor precisa saber lidar com fluxo de caixa ou o controle de gastos.  Além disso, afirmou, é essencial que o cidadão busque crédito para investir. “Hoje, o empreendedor precisa procurar taxas e prazos convidativos. E ser resiliente: nada é fácil na vida, mas tudo se resolve com empenho e conhecimento. Com pandemia e tudo”, diz.

Antes da pandemia, tendência de alta

O número de empresas abertas no Brasil voltou a crescer em junho, depois da queda sensível dos investimentos nos meses de abril e maio, decorrentes da crise econômica geradas pela pandemia.

A retração dos negócios, provocada pela redução da demanda e consumo e pelas de isolamento social, provocou uma redução de 29,5% no número de novos empreendimentos no Brasil, depois de um primeiro trimestre de muito otimismo.

Antes da pandemia, o número de empresa abertas no País foi maior que o número de empreendimentos que fecharam as portas. O saldo positivo foi de 686.849 empresas, o melhor índice para o período em uma década.

O secretário especial adjunto de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do ministério, Gleisson Rubin, afirma que, apesar da desaceleração no saldo de empreendimento ativos no período mais crítico da pandemia, a planilha do Mapa das Empresas marca no ano uma forte retomada da atividade empreendedora.

São Paulo é o Estado com o maior número de empresas no Brasil, com 5,2 milhões, sendo 295 mil abertas só neste ano, antes que a pandemia desacelerasse os investimentos.

Os números de junho, apontados pelo Mapa, apontam que a economia paulista retoma o rumo de crescimento: 75 mil novas empresas foram abertas.

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