quarta-feira, 6 dezembro 2023

Escolas se preparam sem saber se haverá Carnaval

“Tá proibido o Carnaval / Nesse país tropical”, dizem os versos da canção “Proibido Carnaval”, de Daniela Mercury e Caetano Veloso.

Lançada em 2020, ela faz referências às acusações de censura feitas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido); tem ritmo dançante e celebra a diversidade cultural brasileira. O que era metáfora e provocação virou um risco real para a maior festa popular do Brasil em 2021.

Com a pandemia do novo coronavírus, o Carnaval do próximo ano passou a ser uma incerteza. Enquanto isso, carnavalescos trabalham ainda sonhando com os desfiles. No entanto, governantes já admitem um ano sem a festa.

“Nada está decidido, mas acho pouco provável não só Carnaval mas Réveillon ou qualquer outra festa de aglomeração no Brasil e no mundo”, afirmou Rui Costa (PT), governador da Bahia, que recebia milhares de turistas.

“O trabalho do carnavalesco começa cedo. A pandemia fez a gente ter mais tempo para ler, pesquisar e adiantar o máximo de trabalho, o que por um lado é bom”, diz André Machado, 45, carnavalesco da Colorado do Brás, escola paulistana do grupo especial. “Mas estou criando e desenvolvendo tudo com muita incerteza, e isso acaba me deixando um pouco desanimado”, afirma.

Após realizar uma série de pesquisas, Machado está fazendo desenhos e maquetes para o tema da escola, que homenageará a escritora Carolina Maria de Jesus. “Essa maquete é para trazer uma noção daquilo que seria uma favela (no Brasil) na década de 1960, para entendermos melhor (essa parte do tema)”, explica.

O músico Darlan Alves, 47, faz parte de um grupo compositor de sambas-enredos de escolas paulistanas e afirma que o processo criativo das obras musicais tem enfrentado uma série de dificuldades durante a quarentena.

Anualmente, as escolas realizam concursos internos para definir seus respectivos enredos. Mas desta vez, tudo está acontecendo pela iinternet. Nada de churrascos, cervejas ou pizzas. “Antes, podíamos reunir dez pessoas numa sala de estúdio para gravar um coral, mas não podemos mais fazer isso”, diz Alves. “Agora, todas as pessoas precisam estar em salas separadas”, disse.

O músico está compondo sambas-enredos para apresentar às escolas Mancha Verde, Águia de Ouro e Império da Casa Verde, e tem consciência de que ninguém sabe o que irá acontecer em 2021.

O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, Sidnei Carrioulo, afirmou à reportagem que não existe decisão oficial sobre o assunto, que, segundo ele, será analisado sem pressa.

A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro não quis comentar e afirmou estar preocupada somente com o bem-estar das pessoas.

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