Foram 2.847 vítimas no ano passado, contra 13.133 em 2001, quando a SSP começou a divulgar os números de criminalidade
O Estado de São Paulo registrou em 2021 o menor número de vítimas de homicídio doloso (quando há intenção de matar) em 20 anos, de acordo com dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) divulgados nesta quarta-feira (26). Foram 2.847 vítimas no ano passado, contra 13.133 em 2001, quando a pasta começou a divulgar os números de criminalidade.
Por outro lado, os casos de estupros subiram no ano passado (11.762 registros) em comparação a 2020 (11.023). Se o dado de 2021 for comparado ao ano de 2001, quando foram registrados 3.949 casos, houve um aumento de 197% nos casos registrados. Na comparação anual a alta é de 6,7%.
O número de vítimas de homicídio vinha em queda ao longo de 2021. Em janeiro do ano passado, houve 295 vítimas. Em dezembro, 214.
Os registros de estupro se mantiveram no mesmo patamar, com o menor índice registrado em junho, com 840 casos, e o maior em novembro, com 1.100. Em dezembro, foram 945. Já o número de pessoas mortas pelas polícias Civil e Militar, em serviço e em folga, caiu 30% em 2021. Foram 570 vítimas no ano passado, contra 814 em 2020.
MORTES
Diferentes dos outros índices de criminalidade, os dados das mortes cometidas por policiais têm divulgação trimestral. Levantamento feito pela reportagem apontou que o número total de pessoas mortas em 2021 pela Polícia Militar e Polícia Civil é o menor desde 2013, com 369 vítimas.
Os números acompanham uma mudança de discurso do governador ao longo de seu mandato. Doria foi eleito governador de São Paulo propagandeando o slogan “BolsoDoria”, relacionando sua candidatura ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Doria divulgou que, durante sua gestão, a polícia iria “atirar para matar”.
Nesse sentido, suas promessas refletiram nos dados. A polícia de São Paulo nunca havia matado tanto num primeiro semestre quanto em 2020, sob a gestão João Doria. Os dados da SSP apontam que as polícias Civil e Militar mataram, juntas, 514 pessoas em supostos tiroteios, durante o serviço e também durante a folga, de janeiro a junho – o maior número da série histórica do governo paulista com origem em 2001. No mesmo período, 28 policiais foram assassinados, mesmo índice registrado em 2018.
Pressionado pelos índices e distante de Bolsonaro, Doria começou a alterar seu discurso comentando a letalidade como um problema a ser resolvido. Ele chegou a anunciar um novo programa para retreinar os policiais com o objetivo de diminuir casos de violência. Há três semanas, sua pasta anunciou a compra de 3,1 mil armas de choque em um investimento de R$ 20 milhões.