sábado, 5 outubro 2024

Ex-policial que matou jovem negro ao disparar arma de fogo em vez de taser é condenada nos EUA

Potter foi condenada pelas acusações de homicídio culposo de primeiro e segundo graus, que têm penas máximas de até 15 e 10 anos, respectivamente
A pena total deverá ser anunciada em 18 de fevereiro (Foto: 23.dez.2021/Reuters)

Uma ex-policial branca que matou um jovem negro no estado americano de Minnesota ao disparar sua arma de fogo em vez do taser, uma arma de choque, foi condenada nesta quinta-feira (23) por homicídio culposo.

O júri, composto por 12 jurados, levou 27 horas ao longo de quatro dias de deliberação para chegar a um veredicto unânime contra Kimberly Potter, 49, pela morte de Daute Wright, 20, ocorrida no dia 11 de abril na cidade de Brooklyn Center, um subúrbio de Minneapolis.

Potter foi condenada pelas acusações de homicídio culposo de primeiro e segundo graus, que têm penas máximas de até 15 e 10 anos, respectivamente. A pena total deverá ser anunciada em 18 de fevereiro. A ex-agente, que pediu demissão do cargo dois dias após o incidente, diz ser inocente pois, de acordo com a sua versão do ocorrido, a morte teria sido um acidente.

Em nota, a defesa da família Wright afirmou que os parentes da vítima ficaram “aliviados” com a condenação. “Aquele dia continuará sendo um dia traumático para a família e ainda outro exemplo para a América do por que precisamos desesperadamente mudar o policiamento, treinamento e protocolos”, diz o comunicado.

Wright, parado por agentes devido a uma infração de trânsito -a polícia diz que a placa do veículo estava irregular e que havia um desodorizador pendurado no retrovisor, o que a lei estadual proíbe–, foi atingido com um tiro de uma arma de fogo, que foi confundida, segundo a polícia, com um taser.

Durante a abordagem, ao verificar os documentos de Wright, a polícia constatou que havia um mandado de prisão pendente em decorrência de uma audiência judicial à qual ele não havia comparecido.

De acordo com os registros, a vítima respondia por porte ilegal de arma e por ter fugido da polícia em outra abordagem no ano passado. Os agentes então deram voz de prisão a Wright e, segundo as imagens das câmeras acopladas às fardas, tentaram algemá-lo do lado de fora do veículo. O vídeo então indica que houve resistência de Wright, que volta a entrar no carro.

Ouve-se uma voz feminina gritando “taser, taser”, e, segundo o departamento de polícia, Potter confundiu-se e, em vez de disparar a arma de choque, disparou uma arma com munição letal contra Wright. “Puta merda, atirei nele”, diz ela na gravação.

Segundo registros e relatos de testemunhas, ele ainda conseguiu dirigir por algumas quadras até que bateu o carro, inconsciente. Os policiais tentaram reanimá-lo, mas Wright foi declarado morto no local.

A morte de Wright aumentou o clima de tensão em Minnesota, que já tinha registrado manifestações relacionadas ao julgamento de Derek Chauvin, o policial acusado de assassinar George Floyd em maio de 2020. Chauvin acabou condenado a 22 anos e meio de prisão pelo ocorrido. 

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