O vai e vem de clientes foi intenso nesta sexta-feira (20) na loja da Kopenhagen do shopping Via Parque, zona oeste do Rio. Surfando nas vendas de Natal, a franquia é idêntica a centenas de outras que existem no país.
Há, no entanto, uma (importante) exceção: segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, foi por meio dessa loja que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), dono de metade da empresa, lavou até R$ 1,6 milhão em recursos ilícitos entre 2015 e 2018. Ele nega.
A loja foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão cumpridos na última quarta-feira (18). Nesta sexta, a reportagem permaneceu cerca de uma hora no local.
Cinco clientes abordados disseram não saber quem é o dono da loja, que ficou em 3° lugar no PEK (Programa de Excelência Kopenhagen).
Para o MP-RJ, o volume de depósitos em dinheiro na conta da franquia era desproporcional em relação a negócios semelhantes.
Durante o tempo em que permaneceu na loja, a reportagem verificou que a maioria dos clientes efetuou o pagamento com cartões.
Os investigadores afirmam também que a entrada dos recursos em espécie em favor da empresa coincidia com datas em que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, arrecadava parte dos salários dos empregados do então deputado estadual.
A suspeita é de que o estabelecimento, propriedade do atual senador desde 2015, tenha sido usado para a lavagem de dinheiro no suposto esquema de “rachadinha” em seu antigo gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), entre os anos de 2007 a 2018.