sábado, 12 outubro 2024

Fotógrafo suíço morre de frio após cair em rua de Paris e ser ignorado por 9 horas

Segundo um amigo da vítima, René Robert ficou caído no chão até um sem-teto chamar os serviços de emergência, mas ele já estava com hipotermia; ao longo dessas nove horas, nenhum transeunte parou para ajuda-lo

René Robert, fotógrafo suíço conhecido por suas fotos de algumas das estrelas de flamenco mais famosas da Espanha (Foto: Reprodução)

René Robert, um fotógrafo suíço conhecido por suas fotos de algumas das estrelas de flamenco mais famosas da Espanha, morreu de hipotermia no dia 19 de janeiro depois de escorregar em uma de suas caminhadas noturnas pelo movimentado bairro de Paris onde morava e ficar nove horas estatelado no chão esperando ajuda. Ninguém parou para socorrê-lo.

A notícia foi dada por seu amigo jornalista Michel Mompontet numa série de publicações em uma rede social na última quinta-feira (27). Segundo ele, Robert sofreu a queda na Rue de Turbigo, entre a Place de la République e Les Halles. “Ele sofreu uma tontura e caiu”, disse Mompontet no Twitter.

“Incapaz de se levantar, ele ficou enraizado no local no frio por nove horas até que um sem-teto chamou os serviços de emergência. Muito tarde. Ele tinha hipotermia e não conseguia se agarrar à vida. Ao longo dessas nove horas, nenhum transeunte parou para verificar por que esse homem estava deitado na calçada. Nenhum”, lamentou o amigo do fotógrafo.

Robert fotografou lendas do flamenco em preto e branco, incluindo Camarón de la Isla e Paco de Lucía. O bairro onde ele morreu é agitado, com restaurantes e cafés e também movimento de turistas. Andarilho, era acostumado a dar passeios noturnos, e caiu pouco depois das 21h, entre uma loja de vinhos e uma ótica. Foi levado já sem vida para o hospital Cochin por volta das 6h do dia seguinte.

Em uma entrevista para a televisão francesa, Mompontet afirmou que seu amigo foi “morto por indiferença”, e disse ainda que ele próprio não tem 100% de certeza de que não se afastaria de um sem- teto deitado em uma porta.

O jornalista o havia conhecido no final dos anos 1980, quando ambos iam juntos a shows de flamenco em Paris. Robert era “muito atencioso com os outros, engraçado, mas era um homem de poucas palavras”, descreveu Mompontet. “Ele falava em voz baixa. Ele não gostava de falar muito, como muitos fotógrafos. Sempre usava um chapéu. Durante anos ele sempre carregou o cigarro na boca, depois o largou”.

Seu comentário se deu porque a morte do fotógrafo ocorreu em uma área onde muitos sem-teto dormem na rua. De acordo com associações que prestam assistência a grupos nessa condição, cerca de 600 pessoas morrem nas ruas da França todos os anos. A morte de Robert provocou um debate sobre responsabilidade cívica e decência humana no país. 

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