FOLHAPRESS
CURITIBA
O encarregado de obras da OAS Misael de Jesus Oliveira disse ao juiz Sergio Moro na tarde de ontem que foi convocado por seu gerente para fazer uma reforma no sítio atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Atibaia (SP).
Misael prestou depoimento como testemunha de defesa de Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira. Nesta ação, Lula é acusado de ter se beneficiado de R$ 1,02 milhão em benfeitorias no sítio, que teriam sido pagas pela OAS e Odebrecht.
Segundo a acusação, o ex-presidente era o verdadeiro dono do sítio, cujos proprietários formais são os empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar.
Misael, que trabalha na OAS desde agosto de 2013, afirmou que foi convocado para a obra em Atibaia em 2014. Segundo ele, o serviço foi efetuado de março a outubro, no período das eleições de 2014, e envolveu outros três funcionários.
O encarregado de obras disse a Moro que a mulher de Lula, Marisa Letícia (morta em fevereiro de 2017), fez alguns pedidos diretamente a ele, enquanto o ex-presidente apenas passava recados. Segundo ele, entre os pedidos, estavam uma poda nas árvores, uma reforma no lago e a construção de uma capela.
Misael afirmou que, de acordo com o que entendeu à época, a capela só seria construída se a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) fosse reeleita. O serviço, no entanto, não chegou a ser efetuado. Ele também disse que comprou todo o material em espécie, em depósitos de Atibaia. Os pedidos eram feitos em seu nome e entregues no sítio. Posteriormente, segundo Misael, os recibos eram apresentados à OAS.
De acordo com o funcionário, a orientação desde o início era de total sigilo sobre a obra. A OAS também teria proibido a utilização de uniformes da empreiteira. Ele estimou que a obra tenha custado entre R$ 400 mil e R$ 500 mil, contando material e mão de obra. Os valores, segundo Misael, foram pagos inteiramente pela empresa. O ex-presidente tem negado todas as acusações e sustenta que o sítio pertence a Suassuna e Bittar.