A PF (Polícia Federal) cumpriu nesta terça-feira (30) mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).
A ação faz parte da Operação Sangria, que investiga desvio de recursos federais usados no combate à epidemia do novo coronavírus.
Além da residência de Lima e da sede de governo, a PF cumpre outros 18 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão temporária.
Entre os presos está a secretária de Saúde, Simone Papaiz. Ela, no entanto, assumiu o cargo em 8 de abril, após a negociação do contrato sob investigação. Ex-secretária de Saúde de Bertioga (SP), ela entrou no governo pouco antes do pico da epidemia no Amazonas.
Ele é o terceiro governador sob investigação por suspeita de corrupção no uso de verbas para o combate da Covid-19. Wilson Witzel (PSC-RJ) e Helder Barbalho (MDB-PA) já foram alvo de ações semelhantes.
O principal foco da investigação no Amazonas é a compra de 24 respiradores de uma empresa importadora de vinho. Segundo perícia da PF, houve um sobrepreço de 133,67% em relação ao preço de mercado. O valor suspeito de desvio é de até R$ 2,2 milhões. “Evidenciou-se o direcionamento da compra para empresa cuja atividade era/é a comercialização de vinhos. Os ventiladores mecânicos hospitalares entregues ao Estado do Amazonas, pela referida empresa, não possuíam as especificidades técnicas necessárias para a adequada utilização no tratamento médico”, afirma a PF em nota.
Em nota, o governo do Amazonas afirmou que “aguarda o desenrolar e informações mais detalhadas da operação”. “O governador Wilson Lima, que estava em Brasília para cumprir agenda de trabalho, está retornando para Manaus.”
A operação foi batizada “Sangria” em alusão à importadora de vinhos suspeita de ter participado do desvio.
IMPEACHMENT
O manejo dos recursos e a gestão da crise da Covid-19 já provocaram a abertura de um processo de impeachment contra o governador Wilson Lima e a criação da CPI da Saúde na Assembleia Legislativa do Amazonas.
O processo de impeachment, no entanto, foi suspenso em 26 de maio pelo Tribunal de Justiça do estado, que acatou o argumento do deputado Dr. Gomes (PSC) de que a tramitação não seguiu o regulamento interno.