quarta-feira, 27 novembro 2024

Governo de SP critica ministério e mantém vacinação de adolescentes contra Covid

Ministério da Saúde deixou de recomendar vacinação para adolescentes sem comorbidades  

A cidade de São Paulo anunciou que irá manter a vacinação contra Covid-19 para adolescentes – Reprodução

O governo de São Paulo, por meio de uma nota oficial, criticou nesta quinta-feira (16) uma nova decisão do Ministério da Saúde que deixa de recomendar a aplicação de vacinas contra covid-19 para adolescentes sem comorbidades no Brasil. A orientação foi feita por meio de uma nota técnica da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19.

Diversos estados já iniciaram a vacinação da faixa etária de 12 a 17 anos. São Paulo não seguirá a recomendação e manterá o cronograma estadual, embora cada cidade possa tomar sua decisão.

De acordo com o governo paulista, a orientação do ministério “vai na contramão de autoridades sanitárias de outros países, cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes”.

“Coibir a vacinação integral dos jovens de 12 a 17 anos é menosprezar o impacto da pandemia na vida deste público. Três a cada dez adolescentes que morreram com covid-19 não tinham comorbidades em São Paulo. Este grupo responde ainda por 6,5% dos casos e, assim como os adultos, está em fase de retomada do cotidiano, com retorno às aulas e atividades socioculturais”

por Governo de São Paulo, em nota

De acordo com o Governo de São Paulo, já foram vacinados com ao menos uma dose 2,4 milhões de adolescentes desde o dia 18 de agosto, o que corresponde a 72% do público-alvo, Atualmente, o estado vacina todos os adolescentes acima de 12 anos.

“Infelizmente, e mais uma vez, as diretrizes do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde chegaram com atraso e descompassadas com a realidade dos estados, que em sua maioria já estão com a vacinação em curso”, diz a nota.

O Ministério da Saúde ainda não se manifestou oficialmente sobre a nota técnica, que orienta estados e municípios a aplicarem vacina contra a covid-19 apenas em jovens de 12 a 17 anos com “deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade”.

O ministério também não esclareceu o que pode acontecer com os municípios que não seguirem a recomendação. A vacinação de adolescentes foi autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) com o imunizante da Pfizer, que se mostrou seguro para a faixa etária.

Cidade de São Paulo mantém vacinação

Seguindo o governo estadual, a prefeitura de São Paulo informou que manterá a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos na capital paulista. O Rio de Janeiro também avisou que manterá a vacinação de adolescentes de acima de 14 anos, mas vai avaliar a situação de jovens de 12 e 13 anos. Natal e Salvador suspenderam a aplicação em adolescentes sem comorbidades.

Na nota técnica, o ministério elenca seis pontos para justificar a decisão. O primeiro item diz que a OMS (Organização Mundial da Saúde) não recomenda a imunização de crianças e adolescentes com ou sem comorbidades.

Na verdade, não há orientação contrária da entidade internacional para a vacinação dessa faixa etária. A recomendação da OMS é para que os menores de idade só sejam imunizados depois que todas as pessoas dos grupos de maior risco estejam vacinadas. No Brasil, a vacina já foi ofertada a pessoas mais vulneráveis à covid, como idosos, profissionais de saúde e pessoas com doenças crônicas, como transplantados, pacientes de câncer, diabéticos, entre outros.

O documento do ministério, assinado por Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, afirma que a maioria dos adolescentes sem comorbidades é assintomática ou apresenta poucos sintomas. No entanto, especialistas dizem que vacinar os mais jovens é uma estratégia importante para frear a transmissão do vírus.

Outro trecho da nota do ministério diz que “os benefícios da vacinação em adolescentes sem comorbidades ainda não estão claramente definidos”. A vacina da Pfizer, único imunizante autorizado no Brasil para uso em adolescentes, já foi amplamente testada nessa faixa etária. Outros países como Estados Unidos, Chile, Canadá, França e Israel também usam a Pfizer em adolescentes.

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