O governo do Ceará informou nesta quinta-feira (20) que 300 IPMs (Inquérito Policial Militar) foram instaurados para apurar atos de vandalismo e condutas de insubordinação por parte de policiais militares cearenses envolvidos no motim.
De acordo com nota oficial do governo Camilo Santana (PT), todos os investigados sofrerão punições previstas em lei e serão excluídos da folha de pagamento deste mês pela Seplag (Secretaria de Planejamento e Gestão).
Os militares que abandonarem o serviço sofrerão as mesmas punições, conforme a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará.
O governo não informou a quantidade do efetivo presente nesta quinta-feira nas ruas de Fortaleza e restante das cidades do Ceará.
Na tarde de quarta-feira (19), o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) foi atingido por dois tiros quando tentava entrar no quartel dirigindo uma retroescavadeira. Ele está estável e internado na enfermaria do Hospital do Coração de Sobral e deve ser transferido ainda nesta quinta-feira para Fortaleza.
A retroescavadeira usada por Cid ainda estava em frente ao quartel na manhã desta quinta-feira, quando será feita uma perícia no veículo, alvejado por tiros e também por pedras.
Antes de levar os tiros, o senador se dirigiu até o portão de entrada do batalhão tomado pelos PMs. Com um megafone, deu cinco minutos para que eles saíssem do local. Um vídeo foi gravado por pessoas que estavam presentes.
“O movimento de vocês é ilegal. Vocês têm cinco minutos para pegarem os seus parentes, as suas esposas, os seus filhos e sair daqui em paz. Cinco minutos, nem um a mais.”
Depois de dar o ultimato, alguns manifestantes se aproximaram do portão gritando que ele não tinha autoridade para determinar a retirada, e uma confusão começou.
Cid levou um soco e recuou. Depois da confusão, ele subiu na retroescavadeira e avançou sobre o portão, quando levou os dois tiros, além de pedradas.
O clima de tensão ainda é grande. Um policial militar foi preso na madrugada desta quinta-feira (20) após atear fogo no carro de uma mulher no município do Crato, no interior do Ceará.
O crime ocorreu por volta das 3h30 e teria sido praticado em retaliação a comentários feitos pela dona do veículo nas redes sociais contra o movimento dos policiais cearenses.
A delegacia-regional do Crato confirmou a prisão em flagrante do suspeito, mas não revelou sua identidade. O policial foi preso em casa após análises das imagens de câmeras de segurança instaladas na via pública. Não houve feridos.
Também na madrugada desta quinta-feira, um grupo de pessoas encapuzadas entrou no quartel do regimento de Polícia Montada Coronel Moura Brasil, em Fortaleza, na tentativa de pegar as viaturas, mas foi impedido por policiais militares que estavam de serviço na unidade.Durante a ação, alguns veículos tiveram seus pneus esvaziados.
Após audiência de custódia realizada nesta quinta (20), o Poder Judiciário do Ceará manteve as prisões dos três policiais militares que foram detidos nesta terça-feira (18).
Os soldados Jardeson Feitosa Tabusa, Francier Sampaio de Freitas e José Carlos Soares de Morais foram presos em flagrante por equipes do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) depois de secarem os pneus de uma viatura da Polícia Militar.
Os militares estavam com armas da corporação. Eles foram autuados no artigo 149, parágrafo único, do Código Penal Militar (CPM), com pena prevista de 8 a 20 anos, além de ser passível de demissão.
Desde a noite de terça-feira (18), PMs fazem motim contra a proposta de reestruturação salarial feita pelo governo Camilo Santana.
Em 2017, os ministros do Supremo Tribunal Federal confirmaram a proibição das paralisações de servidores que atuam na segurança pública. A regra serve para agentes das polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e do Corpo de Bombeiros, além de funcionários das áreas administrativas.