Sem nenhum tipo de contrato, Bolsonaro e bilionário dono da Tesla anunciam projeto para satélites na região
Sem revelar valores ou assinar contratos, o governo brasileiro anunciou nesta sexta-feira (20) uma parceria com a Starlink, do bilionário Elon Musk, que deve colocar satélites de baixa altitude na Amazônia. Em novembro do ano passado, o Ministério das Comunicações já havia divulgado esse potencial acordo e o chamado de parceria. É a terceira vez que a pasta se reúne com o dono da Tesla e da SpaceX.
Segundo Fábio Faria, ministro das Comunicações, os satélites podem ser lançados sobre a região amazônica “nos próximos meses”. O lançamento de satélites de baixa órbita não depende de licitação e pode ser fechado por meio de um processo administrativo na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). A SpaceX pediu licença para a autarquia no ano passado.
Bolsonaro, Faria e os ministros general Heleno, Ciro Nogueira, Carlos França e Paulo Sérgio para tratar do assunto na Fazenda Boa Vista, um condomínio de luxo em Porto Feliz, no interior de São Paulo. O bilionário almoçou com a comitiva presidencial e cerca de dez empresários no hotel Fasano da fazenda.
Ao final do evento, Bolsonaro e Faria falaram com jornalistas por 18 minutos. Eles descreveram como os satélites da Starlink podem auxiliar no monitoramento da Amazônia e mencionaram a conectividade das escolas – mas nenhuma estimativa foi levantada.
Segundo Bolsonaro, trata-se de um “namoro que vai acabar em casamento”. O encontro estava previsto para março, mas foi postergado devido à Guerra da Ucrânia
A Starlink tem autorização para colocar 40 mil satélites no mundo. Hoje, são 2.000 lançados a 550 quilômetros da Terra.
O governo não disse qual a expectativa de satélites para o Brasil. “O sonho dele é ajudar na educação, conectando escolas na zona rural.
Mostrei fotos em aldeias indígenas bem distantes e ele disse ‘é isso que eu quero'”, afirmou Faria. “Ele não criticou a Amazônia, como muitos fizeram sem conhecer. Em vez de criticar, ele veio aqui para somar”, acrescentou o ministro.
DISCRIÇÃO A viagem de Musk foi tratada com discrição por questões de segurança. Bolsonaro afirmou que a vinda do bilionário ao Brasil é um marco e que a tecnologia vai mostrar como a Amazônia é preservada. Fábio Faria citou que os satélites da Starlink têm um laser capaz de detectar o barulho da serra elétrica. O presidente ainda citou as riquezas minerais da região e o potencial de investimento em biodiversidade.
A Tesla, já avaliada em US$ 1 trilhão (R$ 4,9 trilhão) no mercado financeiro, fabrica carros 100% elétricos. A empresa usa baterias de ferro e lítio em seus carros. Recentemente, o Brasil aumentou sua reserva para 8% na soma global. Faria disse que o lítio não foi citado nas conversas.
“Obviamente falei com ele sobre bateria de nióbio”, disse Bolsonaro, acrescentando que um centro de pesquisa em Campinas está “aprofundando estudo para agregar grafeno e criar uma superbateria”. “Ele acha que é melhor esperar para investir”, acrescentou. Bolsonaro também disse que a intenção de Musk para conectar a Amazônia com internet via satélite pode ajudar a mostrar a “verdade” sobre a região, referindo-se à preservação florestal, criticada durante seu mandato.